Companhias têm baixo grau de maturidade digital

Oito em cada dez empresas brasileiras ainda estão dando os primeiros passos na transformação digital. É o que aponta o estudo “Benchmark de migração para a cloud pública”, que a Accenture, em parceria com a IDC Brasil, divulgou esta semana. A boa notícia é que a mudança deve ganhar velocidade nos próximos três anos. A computação em nuvem já responde por mais da metade dos investimentos mundiais em tecnologia da informação (TI).
O levantamento entrevistou 150 influenciadores e tomadores de decisão de TI de companhias privadas com mais de mil funcionários. Nos próximos 12 meses, um terço das grandes empresas brasileiras planeja modernizar suas aplicações para que estejam prontas para rodar na nuvem.
A estimativa é que os investimentos na área cresçam em média 34% ao ano e movimentem R$ 18 bilhões até 2022. Entre as principais recomendações do relatório estão a adoção de um plano de migração com horizonte de curto, médio e longo prazos; o uso da nuvem pública como um acelerador da inovação, e a aproximação das áreas de TI e de negócio.
“O grau de maturidade das empresas ainda está baixo, mas estamos chegando num ponto em que a curva começa a acelerar exponencialmente”, comenta o líder de infraestrutura e segurança da informação da Accenture, Moyses Rodrigues. Ele sugere que o empreendedor busque uma consultoria estratégica antes de negociar com o fornecedor de produtos. Assim terá não apenas uma visão da infraestrutura, como também da gestão, da segurança e dos resultados para o negócio.
“Um dos grandes benefícios para os clientes de soluções de tecnologia em formato de assinatura é transferir para o provedor do serviço a responsabilidade por mantê-las sempre atualizadas”, afirma o vice-presidente de estratégia de negócios da Totvs, Juliano Tubino.
Impulsionada pelas mudanças no mercado, a fornecedora de softwares de gestão e produtividade tem direcionado o portfólio para serviços em nuvem, computação móvel, cognitiva e baseada em inteligência artificial. Em 2018, sua receita recorrente foi de R$ 1,547 bilhão, equivalente a 73% da receita de software do ano.
A SAP também vem reestruturando o portfólio com foco no modelo do Software como Serviço (SaaS, na sigla em inglês). Sua estratégia é facilitar a contratação por empresas de variados portes, que podem assinar módulos de acordo com as necessidades específicas. Em novembro de 2018, a companhia alemã adquiriu por US$ 8 bilhões (R$ 30 bilhões) a Qualtrics, plataforma de gerenciamento da experiência do cliente. Outras oito empresas foram compradas na última década para acelerar a migração para a nuvem. “Todas as soluções que temos lá fora estão disponíveis aqui, pela relevância do país para o nosso universo de negócios”, diz a presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka.
Para o diretor de transformação digital da Fujitsu no Brasil, Nilton Cruz, deve-se adotar uma estratégia sólida de migração que avalie diversos aspectos, evitando assim problemas futuros como falta de desempenho e espaço. “Estudamos quais sistemas o cliente usa, como se conectam e quais bases de dados irão para a nuvem”, afirma.
A localização do datacenter da empresa em território brasileiro é um diferencial que desperta mais confiança quanto à proteção dos dados armazenados, acrescenta o executivo.
Um dos usuários dos serviços da companhia japonesa é a Oliveira Trust, do ramo de mercado de capitais, com escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Buscávamos uma solução para o alto volume de dados e informações da organização, e a Fujitsu se destacou por apresentar alta disponibilidade e segurança”, diz o sócio-gerente responsável pela área de TI, Ismar Marcos. “Se não pudéssemos contar com um monitoramento 24 horas para garantir a segurança, não existiria a menor possibilidade de abrir para a área externa.”
A BRF começou a migração em 2010 com uma ferramenta de filtragem de e-mails para 30 mil usuários. Em 2016, a multinacional brasileira de alimentos transferiu todo o seu sistema de comunicações em áudio e vídeo para a nuvem, tornando-se o maior usuário global do Skype for Business em quantidade de interações. Com isso, conseguiu cortar 30% dos custos com o serviço.
Em novembro de 2018, a companhia adotou a plataforma Citrix Cloud, que permite aos funcionários acessar diferentes computadores em qualquer lugar, utilizando o mesmo ambiente de trabalho. “Hoje, mais de 70% dos nossos serviços de informática estão na nuvem e a meta é chegar a 95% em até cinco anos”, diz o coordenador de TI, André Mainardes. “É impossível imaginar hoje uma empresa com viés evolutivo que não esteja integrada à nuvem.”

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