Uso de robôs industriais explode na China

Depois de roubar empregos industriais no mundo todo, agora a China os transfere aos robôs. A China já é o maior mercado do mundo para robôs industriais – as vendas dessas máquinas cresceram 54% no ano passado em comparação a 2013.

A expectativa é que, até 2017, a China terá mais robôs em suas fábricas do que qualquer outro país, de acordo com a Federação Internacional de Robótica, que é sediada na Alemanha.

Uma combinação de forças econômicas está alimentando a tendência. Os custos trabalhistas subiram significativamente, reduzindo as vantagens que atraíram todos esses empregos para a China no começo. Além disso, a tecnologia robótica está mais barata e fácil de implantar do que nunca, como mostrou material do The Wall Street Journal, assinada por Timothy Aepepel, publicada no Valor de 6/4, pg B9.

Há ainda o rápido crescimento de muitas indústrias na China, como a automobilística, que tende a usar elevados níveis de automação independentemente do local onde a fábrica é construída.

“Nós pensamos neles [os chineses] como produzindo coisas pequenas e baratas”, mas não é nisso que eles estão concentrados, diz Adams Nager, analista de pesquisa econômica da Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação, de Washington. Nager diz que a China está deixando a produção de baixo custo migrar para outros países e priorizando indústrias que demandam altos níveis de capital, como as de aços e eletrônicos, onde a automação é uma força motriz.

O fato de que a China está surgindo como um centro de automação contradiz muitas suposições sobre o uso de robôs.

Economistas frequentemente consideram a automação um modo de economias avançadas reterem indústrias que poderiam migrar para outros países, já que a meta é descobrir maneiras de reduzir custos trabalhistas. E isso certamente está acontecendo em alguns casos. Mas os robôs estão, cada vez mais, engolindo postos de trabalho em países em desenvolvimento e, assim, reduzindo o potencial de criação de empregos com a construção de novas fábricas.

“A China vem tendo um crescimento explosivo [no uso de robôs]”, diz Henrik Christensen, chefe do laboratório de robótica do Instituto de Tecnologia da Georgia, acrescentando que as maiores empresas de automação do mundo estão correndo para o país para construir fábricas capazes de atender a demanda por novas máquinas.

A Federação Internacional de Robótica estima que foram vendidos cerca de 225 mil robôs industriais durante o ano passado – 27% a mais que em 2013 e um novo recorde. Desse total, cerca de 56 mil máquinas foram vendidas na China.

A federação informa que umas das razões pela qual a China continuará sendo um mercado em crescimento é que o país ainda tem uma “densidade de robôs” relativamente baixa. A China tem cerca de 30 robôs para cada 10 mil operários de fábrica. Na Alemanha, essa densidade é 10 vezes maior. No Japão, ela é 11 vezes maior.

“A automação das fábricas chinesas está apenas começando”, diz Per Vegard Nerseth, diretor administrativo da ABB Robotics, em um relatório que preparou para o grupo comercial.

Os gastos com robôs ao redor do mundo chegarão a cerca de US$ 27 bilhões este ano e explodirão para US$ 67 bilhões ao ano até 2025, de acordo com um relatório publicado pela consultoria Boston Consulting Group no ano passado. Segundo o relatório, a maior demanda será de países que já são notórios usuários de robôs, como a Coreia do Sul e o Japão. Mas o ritmo de crescimento mais rápido virá da China, um país que construiu o alicerce de sua indústria com base na mão de obra barata.

“À medida que os preços caem e novos limites de desempenho são cruzados, os robôs estão migrando dos usos industriais e militares para aplicações comerciais e de serviços pessoais”, informou o relatório.

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