The Economist: Quais países são mais propensos a fazer guerras?

Quando a 1.ª Guerra terminou, no dia 11 de novembro de 1918, David Lloyd George, primeiro-ministro da Grã-Bretanha, disse no Parlamento: “Espero que possamos dizer que, nesta manhã decisiva, chegaram ao fim todas as guerras”. Cem anos depois, o mundo está bem mais pacífico. Menos de uma em 100 mil pessoas morreram em conflitos desde 2000 – um sexto do que entre 1950 e 2000 e um quinto do que entre 1900 e 1950. Por quê?
A explicação mais simples é o advento das armas nucleares, que desencorajam as grandes potências de lutar entre si. Mas as guerras também diminuíram entre os países não nucleares. Outra razão pode ser a disseminação da democracia e das normas globais. Bruce Russett e John Oneal, dois acadêmicos, constataram que os países democráticos, com intenso comércio e pertencentes a várias instituições internacionais lutam muito menos uns contra os outros do que os países autoritários e isolacionistas.
The Economist analisou todas as guerras civis e internacionais ocorridas desde 1900, juntamente com o grau de riqueza e democratização dos beligerantes (atribuindo as colônias à sua própria categoria). Contamos todos os conflitos envolvendo exércitos nacionais nos quais pelo menos 100 pessoas por ano foram mortas, excluindo mortes por terrorismo, massacres de civis fora de combate, fome ou doença.
Os dados mostram uma forte correlação entre democracia e paz, com algumas exceções – os Estados Unidos têm sido bastante belicosos e sua avançada democracia não impediu uma guerra civil, em 1861, que resultou em mais mortes de americanos que qualquer outro conflito depois desse.
Além disso, o relacionamento não parece ser linear. Os países mais propensos a guerras parecem não ser nem autocracias nem democracias plenas, mas sim países intermediários. Uma descoberta semelhante se aplica à prosperidade. Os países de renda média são mais guerreiros do que os países muito pobres ou os ricos.

Mudança
O que causa a beligerância de tais países? A guerra é cara e os cidadãos em tiranias lutam para organizar revoltas. Alguns estudos concluíram que as guerras civis são mais comuns após mudanças súbitas de regime, o que causa instabilidade. Talvez uma pequena competição política ou a riqueza torne mais fácil pegar em armas. Tudo isso pode explicar por que as batalhas mais sangrentas desde 1900 mudaram da Europa para a Ásia, Oriente Médio e África. Se a democracia parcial está ligada ao conflito, retrocessos recentes em países como a Turquia parecem ainda mais preocupantes.
Até mesmo um pouco de democracia, no entanto, salva vidas em geral – porque impérios e ditadores são mais propensos a abater e fazer seus súditos passarem fome. Contando fomes e genocídios provocados pelo homem, os poderes coloniais e antidemocráticos causaram 250 milhões de mortes prematuras desde 1900 – cinco vezes o número de mortos em combate contando todas as guerras.

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