Subsídio gera ‘boom’ de startups na China

Para ajudar empreendedores, governo paga aluguel e oferece treinamentos. Em Dream Town, um conjunto de prédios de escritórios na periferia da cidade histórica de Hangzhou, uma minúscula empresa vem desenvolvendo uma impressora em 3D portátil. Outra recebe reservas de massagem tradicional chinesa pelo smartphone. Elas são apenas duas das 710 startups criadas ali. Em qualquer outro lugar, uma incubadora como a Dream Town seria o sonho dos capitalistas de risco e investidores-anjo. Mas não na China.

O Partido Comunista chinês não confia na mão invisível do capitalismo para incentivar o empreendedorismo, porque uma grande parte da estratégia do governo é reanimar a economia debilitada. Por esta razão, o governo de Hangzhou criou o Dream Town e tem fornecido recursos generosos para as startups. As empresas recebem aluguel subsidiado, apoio financeiro e treinamento especial, tudo cortesia da cidade, como mostrou mat;éria do The New York Times, assinada por Michael Schuman, publicada pelo estadão de 6/09.

A startup Chemayi – que oferece serviços de conserto de carros por meio de um aplicativo – desfruta de um espaço livre de pagamento de aluguel por três anos e já pediu um subsídio de US$ 450 mil à prefeitura para pagar salários e comprar equipamentos. “Desde o governo central até os locais, temos recebido muito apoio”, disse Li Liheng, cofundador e diretor executivo da companhia.

Durante grande parte do longo “boom” econômico da China, os jovens acabavam nas fábricas de jeans e de iPhones. Mas hoje a China quer ser mais do que o chão de fábrica do mundo. Os dirigentes querem que a próxima geração encontre trabalhos com melhores salários em escritórios modernos, onde possam ter ideias, desenvolver tecnologias e criar empregos para impulsionar o crescimento futuro do país. O premiê Li Kegiang frequentemente se refere ao “empreendedorismo em massa” e, em março, se vangloriou da criação de 12 mil novas companhias por dia em 2015.

Em todo o país, autoridades criam fundos de investimento, oferecem subsídios e criam incubadoras. “Sem isso, você só vai depender de recursos privados e não veríamos muitas startups de tecnologia nascendo”, disse Ning Tao, sócio do Innovation Works, fundo de capital de risco em Pequim. “Sem quantidade não vamos ter qualidade.”

‘Bolha’. Por outro lado, existe a preocupação com a criação de uma bolha. Junto com os financiamentos do governo, dinheiro de capital de risco tem sido injetado. Foram US$ 49 bilhões investidos com base em acordos firmados no ano passado, que tornam a China o segundo país em volume de capital de risco, perdendo somente para os Estados Unidos, de acordo com a consultoria Ernst & Young.

Alguns economistas e empreendedores se preocupam. Eles acham que o governo está incentivando um “frenesi” que pode acabar em falências de empresas e prejuízos financeiros. Somente a cidade de Suzhou, perto de Xangai, vai abrir 300 incubadoras até 2020 para abrigar 30 mil startups.

As autoridades em Pequim têm uma longa história de dar a empresas acesso fácil a empréstimos, com bons e maus resultados. Por meio desta estratégia, o governo fomentou a industrialização do país, mas também contribuiu para excessçso que deixaram para trás apartamentos vazios e fábricas de cimento fechadas.

Hangzhou é o centro natural da febre de startups. A cidade abriga a mais famosa empresa de internet, a gigante do comércio eletrônico Alibaba. A empresa se tornou celeiro para potenciais empreendedores. Esse foco no empreendedorismo deu um impulso econômico para Hangzhou. O PIB da cidade subiu 10,2% em 2015, comparado com a taxa nacional que foi de 6,9%. O setor de serviços foi o principal responsável pelo alto desempenho, com um aumento de 14,6%.

“Os chineses sabem que empresas estatais não vão empregar todo mundo”, disse Hans Tung, sócio da GGV Capital, empresa de capital de risco. “Eles precisam que os jovens criem empregos para eles próprios, de maneira que os estão incentivando a criar algo novo.”

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