Resultado de Google e Facebook reflete domínio sobre publicidade digital

Google e Facebook reportaram alta forte em suas receitas para o segundo trimestre, nesta semana, devido em parte ao domínio impressionante que exercem sobre o mercado de publicidade digital.
Alguns analistas afirmam que os anunciantes estão em busca de alternativas às duas gigantescas plataformas de internet que dominam o setor.
O Google deve responder por quase 41% do mercado de publicidade na internet dos Estados Unidos, que movimentará US$ 83 bilhões neste ano, de acordo com estimativas do grupo de pesquisa eMarketer. O Facebook terá fatia pouco inferior à metade da detida pelo rival, com cerca de 20% do mercado.
Que duas empresas detenham tanto mercado deixa os anunciantes vulneráveis aos preços que elas optem por impor, disse Justin Kennedy, vice-presidente de operações da Sonobi, uma empresa de tecnologia para publicidade, como mostrou artigo do Washington Psot publicado na Folha de S. Paulo de 02/08.
CONTROLE
Ele também acrescentou que depender do Google e do Facebook significa que é mais difícil controlar onde os anúncios aparecerão – algo que causou dificuldades a diversos anunciantes alguns meses atrás, quando seus anúncios foram veiculados em companhia de conteúdo extremista e violento no YouTube, controlado pelo Google, sem que eles fossem informados previamente.
A Alphabet, controladora do Google, afirmou em seu anúncio de resultados do segundo trimestre, nesta semana, que sua receita atingiu os US$ 23 bilhões, alta de 21% ante o período no ano passado, com base principalmente no crescimento robusto do YouTube e das buscas móveis. Mas ainda que a empresa tenha atraído 52% mais visitantes aos anúncios que veicula, ante os resultados do trimestre no ano passado, o faturamento do Google por clique publicitário caiu em 23%.
O Facebook, enquanto isso, reportou mais de US$ 9 bilhões em receita publicitária no segundo trimestre, 47% acima do resultado do período em 2016. Mas as empresa disse aos investidores que o crescimento publicitário deve se desacelerar, já que o número de anúncios exibidos no News Feed do Facebook não pode continuar subindo. A ênfase da rede social em destacar vídeos também desacelerará o crescimento publicitário, disse a companhia, porque eles oferecem menos oportunidades de veicular publicidade, comparados ao News Feed.
NO LIMITE
Outros especialistas sugeriram que Google e Facebook estão se aproximando do limite, em seu poder sobre o mercado publicitário. Brian Wieser, analista da Pivotal Research, afirmou em nota de pesquisa neste mês que existem companhias capazes de desafiar o Google e Facebook. Ele mencionou a nova divisão Oath, da Verizon, que inclui a AOL e o Yahoo, como potencial alternativa às duas potências atuais. Porque é tanto grande provedora de acesso à internet quanto fonte colossal de tráfego na Web, a Verizon pode desenvolver uma estratégia para publicidade direcionada.
Jason Kint, presidente-executivo da Digital Content Next, uma organização setorial que representa empresas digitais como a ESPN e o “Washington Post”, disse que os anúncios de resultados demonstram que Facebook e Google estão posicionados para capturar a maior parte do crescimento no setor publicitário. Mas ele disse que seu domínio continuado seria prejudicial às duas empresas, em longo prazo.
“Elas são plataformas de descoberta, e sem um ecossistema saudável de notícias e entretenimento, suas plataformas se tornarão menos interessantes para os anunciantes, em longo prazo”, ele disse. “Está acontecendo discussão no setor, e são os anunciantes que estão conduzindo essa discussão. Eles desejam que seus anúncios sejam veiculados em ambientes de qualidade, e não em plataformas de mídia social”.

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