Radicais ganham força no Parlamento europeu

O resultado foi preocupante. A direita radical e partidos eurocéticos ganharam força nas eleições do último domingo para o Parlamento Europeu. A contagem preliminar aponta para o pior golpe ao projeto de integração regional da União Europeia desde sua criação. A extrema direita saiu vencedora na França, Grã-Bretanha e na Dinamarca e avançou na Áustria e na Hungria. O Parlamento poderá ter também representantes de partidos neonazistas da Grécia e da Alemanha.

No total, os partidos pró-europeus de centro-direita consideram que foram os vencedores, segundo as primeiras projeções, como mostrou matéria do Estadão, assinada por Jamil Chade, na edição de 26 de maio, pg A10. Com cerca de 212 lugares dos 751 assentos no Parlamento, o líder dessas forças políticas, Jean Claude Juncker, reivindicou a presidência da Comissão Europeia, na prática o órgão executivo do bloco. Mas, diante da onda extremista, ele alertou que vai costurar uma aliança com “forças democráticas”. Seu movimento perdeu 64 assentos em comparação às votações de 2009 e isso vai exigir uma negociação com os socialistas que obtiveram 185 lugares para formar um governo para a Europa. Partidos de extrema direita e eurocéticos devem ter até 130 assentos. Na atual legislatura, esses grupos têm 33 eurodeputados.

O maior choque veio da França, onde parte da classe política chegou a pedir a demissão do governo. A Frente Nacional, de direita radical, conseguiu 25% dos votos e exigiu a dissolução da Assembleia Nacional francesa. E o partido de Marine Le Pen, que é contra o euro. Na França a centro-direita obteve 20,3%. O Partido Socialista do presidente Hollande obteve apenas 14%.

A campanha teve como base um lema: “Não a Bruxelas, sim à França”. Seu plano de governo é bloquear qualquer transferência de soberania e recusar a ampliação da UE. No médio prazo, ela quer um referendo sobre a saída da França da UE e a volta das fronteiras entre os países europeus. “Trata-se de um momento muito grave para a França e para a Europa”, alertou Manuel Valls, o primeiro-ministro do governo socialista. “Essa eleição é um terremoto para todos.”

Na Grã-Bretanha, o Partido da Independência (Ukip) foi o grande vencedor, com 29% dos votos. Os dados preliminares sugerem uma derrota do partido conservador do primeiro-ministro David Cameron. O líder do Ukip, Nigel Faragi, quer a saída de Londres da UE e repete que “foi eleito para isso”.

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