Qualcomm acirra guerra judicial com Apple nos EUA

A Qualcomm deu mais um passo em sua disputa judicial contra a Apple, ontem, ao acusar a fabricante do iPhone de roubar segredos industriais e compartilhá-los com a Intel, sua rival na produção de chips.
As duas empresas de tecnologia já estão envolvidas em uma vasta batalha sobre patentes e direitos autorais. Em janeiro de 2017, a Apple acusou a Qualcomm, fabricante de chips para celular, de cobrar um preço excessivo por sua propriedade intelectual e ter um comportamento anticompetitivo.
O processo de ontem se baseia em um caso anterior, apresentado em
novembro, em San Diego, pelo qual a Qualcomm acusava a Apple de quebra de contrato. A ação judicial se centrava no “acordo principal sobre software”, que regulamenta como os clientes de chips lidam com as ferramentas e a propriedade intelectual da Qualcomm aos desenvolver novos produtos.
A Qualcomm, que é comanda pelo executivo Steven Mollenkopf, afirmou ter produzido novas evidências de que a conduta da Apple foi “muito além” da quebra de contrato. Na documentação da ação mais recente, a empresa alega que a “Apple engajou-se numa campanha de vários anos de falsas promessas, dissimulação e subterfúgios destinada a roubar informações confidenciais e segredos industriais da Qualcomm para melhorar o desempenho de chipsets de modems de baixa qualidade, com o objetivo final de eliminar os negócios da Qualcomm baseados nos produtos da Apple”.
A Intel é apontada como principal beneficiária da alegada violação da Apple – a Qualcomm tornou-se substituta da Infineon, subsidiária da Intel, como fornecedora dos modems do iPhone em 2011. De qualquer forma, neste momento o alvo do processo da Qualcomm é a Apple e não a Intel.
Em 2016, a Apple passou a usar chips de rede e comunicações da Intel junto com os da Qualcomm em diferentes modelos do iPhone 7. No começo deste ano, a Qualcomm avisou investidores de que fora descartada no projeto dos iPhones mais recentes e o exame de analistas sobre o novo modelo XS sugere que ele se baseia inteiramente nos produtos da Intel. Resenhas iniciais indicavam melhorias significativas na velocidade da rede sem fio nos iPhones mais recentes.
A Qualcomm alega que a melhora recente do desempenho da Intel é resultado de suas inovações e que a Apple quebrou seu acordo de confidencialidade.
“A Apple repetidamente ignorou essas restrições, usando e compartilhando os segredos industriais da Qualcomm de maneiras que a Apple sabia muito bem que eram impróprias”, afirmou a Qualcomm na ação recém-iniciada. “De fato, a escala e o descaramento da apropriação indevida da Apple demonstram que ela nunca teve a intenção de manter as promessas que fez nos seus acordos com a Qualcomm, mas planejava todo o tempo usurpar e transferir a tecnologia da Qualcomm de maneiras que a Apple acreditou que não seriam detectadas.”
A Apple não comentou a mais nova ação da Qualcomm diretamente, mas se referiu a suas declarações anteriores sobre a ampla disputa legal entre as duas empresas. “As práticas ilegais de negócios da Qualcomm estão prejudicando a Apple e toda a indústria”, disse a companhia no ano passado. “Acreditamos profundamente no valor da propriedade intelectual, mas não deveríamos ter de pagar a eles por avanços tecnológicos com os quais eles não têm nada a ver.”
“O mais recente disparo judicial da Qualcomm vem antes de uma decisão inicial da Comissão de Comércio Internacional (ITC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, prevista para sexta-feira. A Qualcomm quer um veto da ITC sobre as importações para os EUA de iPhones que usem chips da Intel. A companhia argumenta que a Apple violou suas patentes.

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