Por que o Facebook lucra tanto?

Os equipamentos de computação há muito são a espinha dorsal das operações das empresas. Agora, a economia da internet também está sendo sustentada por uma infraestutura de hardware que se tornou virtual e é controlada por um pequeno grupo de gigantes da tecnologia.

Essas empresas oferecem serviços de pesquisas on-line, mensagens, publicidade, aplicativos, computação e armazenamento sob demanda – o que as deixou em posição não apenas de fortalecer seus negócios, mas também de obter ganhos extraordinários à medida que crescem, como mostram os lucros recorde e valores de mercado gigantescos, como mostrou material do The Wall Street Journal, assinada por Don Clark e Robert McMillan, publicada no Valor de 9/11.

O Facebook Inc., por exemplo, divulgou na semana passada um salto de 41% na receita trimestral, impulsionada por um crescimento notável na publicidade em dispositivos móveis. A cotação das ações da rede social subiu 5,4% na quinta-feira e recuou 1,53% na sexta-feira, fazendo com que seu valor de mercado atingisse US$ 301,75 bilhões.

Os números robustos da empresa americana foram divulgados na esteira de resultados igualmente fortes e de altas nas ações da Alphabet Inc., a holding do Google, da Microsoft Corp. e da Amazon.com Inc. Essas firmas construíram plataformas on-line que se tornam cada vez mais lucrativas à medida que consumidores e empresas buscam se conectar uns com os outros.

Quem está promovendo uma marca, por exemplo, não pode ignorar a altamente engajada audiência de 1 bilhão de usuários do Facebook. Qualquer um começando um negócio precisa garantir que pode ser encontrado pelo Google. E quem quer que venda produtos quer estar presente na Amazon. Todo desenvolvedor de aplicativos necessita disponibilizá-los nas lojas on-line da Apple Inc. ou do Google. Qualquer vendedor com um vídeo de divulgação precisa estar no YouTube, do Google, enquanto produtores de músicas, filmes e conteúdo de TV distribuem seus produtos por meio do iTunes, da Apple, ou da Amazon Video.

Essas gigantes gastaram bilhões de dólares em hardware de computação e centros de dados que fazem suas próprias operações funcionarem enquanto fornecem cada mais serviços gratuitos ou de baixo custo para “startups” e muitas grandes companhias. Muitos executivos experientes do Vale do Silício estão convencidos de que essas empresas se tornaram fundamentais para o cenário empresarial.

“Você está vendo agora ecossistemas sendo construídos ao redor dessas empresas”, diz Enrique Salem, diretor administrativo da Bain Capital Ventures, divisão de capital de risco da gestora de recursos Bain Capital. “Há uma mudança de plataforma acontecendo.”

Dito de outra forma, essas empresas são as donas digitais do equivalente a linhas ferroviárias, num momento em que a internet entra numa nova fase de crescimento. “Estamos tendo uma expansão do tamanho total da tecnologia – seja computação em nuvem, sejam aparelhos, sejam redes sociais”, diz Aaron Levie, diretor-presidente da Box Inc., uma empresa jovem de armazenamento on-line.

À medida que o faturamento cresce, as gigantes podem gastar mais que suas concorrentes para aprimorar os serviços oferecidos.

“Todas essas empresas estão operando em setores onde a escala é recompensada e onde é preciso um alto nível de capital intensivo só para ter a esperança de competir”, diz Karl Keirstead, analista sênior da corretora Deutsche Bank Securities.

O Facebook, que informou que 1,55 bilhão de pessoas acessaram sua rede social em setembro, tem se tornado particularmente importante como um meio publicitário. A rede social aparenta ter conquistado o mercado para anúncios em smartphones, o qual respondeu por 78% de sua receita com anúncios no terceiro trimestre, ante 66% um ano atrás. O site também hospeda 45 milhões de páginas grátis de pequenas e médias empresas, permitindo que elas interajam com clientes potenciais em todo o mundo.

O valor de mercado da Amazon quase dobrou neste ano, em grande parte devido ao seu negócio de computação em nuvem. Além das vendas on-line, a empresa foi pioneira na venda de computação e armazenamento de dados sob demanda para empresas. Sua unidade de computação em nuvem, a Amazon Web Services, ou AWS, afirma ter mais de 1 milhão de contas de clientes ativos, incluindo startups de destaque como Uber Technologies Inc., Airbnb Inc. e Pinterest Inc., assim como agências governamentais e muitas empresas já bem estabelecidas.

Na Microsoft, o diretor-presidente, Satya Nadella, tem apostado alto na computação em nuvem para reduzir a grande dependência da empresa do mercado de PCs, que vem encolhendo. Mais de 40% da receita de seu serviço, o Azure, já vem de startups, diz o diretor Takeshi Numoto, responsável pela área computação em nuvem.

Mesmo empresas mais tradicionais também estão aderindo a esse novo cenário. O conglomerado alemão ThyssenKrupp AG, que fabrica elevadores, entre outros produtos, colaborou com a Microsoft para criar um sistema baseado na nuvem que reúne dados da frequência e rapidez com que as portas dos elevadores abrem e fecham, diz Patrick Bass, diretor-presidente da unidade da empresa na América do Norte.

Nem tudo na computação está migrando para a nuvem. Estima-se que companhias em setores como serviços financeiros e saúde mantenham a maioria das suas operações nos seus centros de dados próprios, em parte devido às regulações existentes.

Mas os defensores da nuvem acreditam que muitas dessas barreiras vão cair. Rob Alexander, diretor de tecnologia da Capital One Financial Corp., disse em outubro que novas medidas desenvolvidas com a AWS devem permitir que a empresa de cartão de crédito opere com mais segurança na nuvem do que com seus próprios computadores.

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