Para gerar emprego, BC americano injeta dólar direto na economia

O banco central americano mudou de ideia. E mudou bastante. Ontem, o BC dos EUA, o Federal Reserve (FED) anunciou que manterá as taxas de juro próximas de zero até que o desemprego caia abaixo dos 6,5%. É uma mudança e tanto. Isto que dizer que os donos do dinheiro nos Estados Unidos decidiram que o “preço do dinheiro” estará condicionado estado da economia, ou seja, a quantidade de emprego oferecida. Enquanto o emprego não voltar – e bem firme – o governo continuará ajudando a economia.
Vários analistas notaram que esta é uma mudança histórica na política monetária do FED. Para efetivamente ajudar a economia vai literalmente “jogar dinheiro no mercado” por meio de reforço na sua política de “afrouxamento quantitativo”, o que significa que o BC americano destinará US$ 85 bilhões todos os meses para comprar títulos lastreados em hipotecas. É preciso entender o que representa essa medida: quando o governo compra esse tipo de título, o juro cobrado de quem tem hipoteca cai. Como o juro cobrado diminui o interesse em comprar casas aumenta e o preço delas sobe. O mercado imobiliário funciona mais e impulsiona a economia toda.
Nada disso quer dizer que o FED parou ou “esqueceu” de tomar conta da inflação. Se os preços começarem a fugir do controle antes da taxa de desemprego ficar abaixo de 6,5%, o FED já avisou que tomará outras “medidas adicionais” para conter as expectativas de inflação.
Na verdade, o que banco central americano fez foi mudar o jeito de intervir na economia para incentivá-la. Até agora, o FED vendia os títulos de hipotecas prestes a vencer e comprava outros com prazos mais longos. Em outras palavras, adiantava dinheiro para quem precisasse. Agora, como descreveu com todas as letras artigo no Financial Times: “o FED simplesmente vai imprimir dinheiro para financiar novas compras” dos títulos das hipotecas para fazer os juros do mercado imobiliário diminuírem.
É uma política econômica completamente diferente da adotada na União Europeia para conter a crise do euro. Ontem, o banco central europeu decidiu iniciar uma supervisão dos bancos em dificuldades para ajudá-los daqui a dois anos. Os resultados também são bem diferentes, em especial quanto ao emprego. Hoje, foi divulgado que o desemprego na Grécia, por exemplo, voltou a crescer, para 24,8% em novembro, muito perto dos 25.7% já alcançados na Espanha. O desemprego de 7,7% nos EUA preocupou o FED que decidiu “mudar de ideia” e injetar dólares diretamente na economia. São duas visões para resolver a crise m com dois resultados diferentes.

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