ONU: quem paga a conta da proteção do clima?

A conta fica para os ricos ou para os emergentes? As responsabilidades diferenciadas dos países na crise climática continuam sendo o ponto-chave da conferência de Lima, a CoP-20, que se aproxima do fim. A questão, que se refere à divisão dos cortes nas emissões de gases-estufa e aos desembolsos dos recursos financeiros, irá se estender para a próxima conferência, em Paris, onde se espera que seja assinado o acordo global climático a vigorar a partir de 2020, como mostrou material do Valor Econômico de 12/12, pg A11
A proposta brasileira, chamada de “círculos concêntricos”, com três faixas onde poderiam se abrigar os países ricos, as grandes economias em desenvolvimento e os países mais vulneráveis (cada um com as suas metas e obrigações), foi muito discutida para o texto dos elementos do acordo – uma espécie de protótipo do que deve ser assinado na conferência francesa, em 2015.
A proposta brasileira rebateu a intenção dos EUA e do bloco europeu de “autodiferenciação” – ou seja, se colocarem com as mesmas obrigações das economias emergentes, por exemplo. O que está sendo negociado em Lima está dentro do que diz a convenção do clima de que A convenção é lei em todos os países.
O discurso do secretário de Estado americano, John Kerry, no início da tarde de ontem, foi em outra direção. “Todos os países têm que fazer a sua parte. E se você é uma grande nação em desenvolvimento e não está liderando, então, você é parte do problema”, resumiu. “Mas é bem simples, não podemos ficar discutindo as fatias de cada um.”
Mais da metade das emissões vem do mundo em desenvolvimento, frisou Kerry. “Ninguém aqui acredita que o acordo climático será a bala de prata que irá resolver esse problema”, disse, lembrando que a janela de oportunidade está fechando rapidamente e que a solução passa pelas políticas energéticas. “Temos que tomar ações concretas e medidas ambiciosas. O acordo em Paris não é uma opção. É uma necessidade imperativa.”
Gao Feng, um dos chefes da delegação chinesa, disse que “a convenção é um guia de princípios”. Para os países em desenvolvimento, o mais caro é o que diz que todos os países têm responsabilidades na crise global climática, mas alguns têm que fazer mais que os outros, os desenvolvidos – argumento conhecido pela sigla CBDR.
Elina Bardram, chefe da delegação europeia, disse que o mundo não é o mesmo de 1992, quando a convenção do clima foi criada. “Todos respeitamos o princípio do CBDR, mas temos que aplicá-lo de um jeito mais contemporâneo. Hoje há muito mais diversidade na competitividade nas diferentes economias, os PIBs mudaram, assim como a capacidade de enfrentar a mudança do clima.”

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