O Brasil e a economia criativa

O que interessa é a internacionalização do conceito, “mostrar o quanto o Brasil já avançou na economia criativa”. Essa “tarefa” acompanhou as três noites do ciclo de debates O Brasil e a economia criativa, na ESPM. O ciclo tratou de três eixos bem definidos: os negócios da noite, os negócios da internacionalização e a empregabilidade no setor da cultura. Como analisou o mediador do encontro, Tatsuo Iwata Neto, Pró Reitor Lato Sensu e Extensão da ESPM, a proposta de desenvolver economia criativa no ambiente Acadêmico teve início em unidades da própria ESPM, “há quase dez anos”.

“O que o Brasil tem a oferecer para o mundo”, tema da segundo encontro do ciclo de debates explicitou bem a proposta de internacionalização do conceito. Os alunos do Observatório de Economia Criativa da ESPM destacaram exatamente este ponto na abertura deste debate: “hoje é o dia em que fica mais claro porque o Observatório está dentro do curso de Relações Internacionais”. O sentido era esse mesmo: internacionalizar as expectativas de crescimento de setores “criativos” na economia brasileira.

Mas, qual o tamanho desses setores criativos na economia? No Brasil, são 10 mil empresas, que alcançam 80 setores de atividade e que vendem para mais de 200 mercados no mundo todo. Com esses números, Igor Brandão, coordenador de projetos setoriais de Economia Criativa da Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, mostrou o quanto a economia criativa funciona como uma “grande vitrine” da imagem do País.

O alvo, como explicou o coordenador da Apex, é incentivar potenciais compradores e acelerar parcerias de todas as iniciativas de negócios da economia criativa brasileira. O objetivo maior é o “mapeamento das possibilidades e potencialidades“ dessas iniciativas.

Um bom exemplo dessas potencialidades está na moda brasileira. O presidente da Associação Brasileira de Estilistas, Roberto Davidowicz, destacou, durante o debate, o fato de que a cadeia de produção a moda atua em três segmentos : o de imagem ( (apoio a desfiles, projetos especiais), o de negócios (apoio a feiras, show rooms) e o de capacitação (apoio a formação de empreendedores no setor). Davidowicz enfatizou também o quanto a Apex é relevante na formação de parcerias “no mundo todo” para a moda brasileira.

Foi este ponto, o da “capacitação de gente” que foi muito destacado pelo gerente de projetos da Brasil Music & Arts Exchange (BM&A), Leandro Ribeiro da Silva, falando sobre a dificuldade em “desenvolver negócios” em torno de, por exemplo, música. Leandro foi bem enfático ao lembrar que o artista brasileiro é muito bom “no que faz de arte”, mas ainda não percebeu que “deve se ver também como um empreendedor”. Nesse ponto, o gerente da BM&A destacou o “enorme espaço” de desenvovimento para os interessados em trabalhar nos diferentes elos da cadeia de negócios da músicas.

Leandro insistiu que passou o “período de amadorismo” nesse setor e que é preciso, “mais do que nunca” definir os mercados mais interessantes para a arte brasileira. Nesse aspecto, é preciso distinguir duas áreas, a de negócios diretos dos artistas (shows, por exemplo), da venda de música para o mercado audiovisual, ou seja som para games, filmes, You Tube. Leandro explicou que existem dois mercados nessa divisão, bem concentrados. Para vendas diretas da música brasileira contam principalmente os mercados de Alemanha, França e México. Enquanto para a venda no mercado áudio visual contam EUA,, Reino Unido e e França.

O papel da São Paulo Fashion Week (SPFW) “unindo toda a cadeia produtiva” da moda foi bem descrito pelo diretor da SPFW, Paulo Borges, destacando o “sentido de protagonismo e a visão de longo prazo” do evento. Borges insistiu em um ponto essencial: não há como “criar valor para um produto se não construir imagem”.

A alta capilaridade do setor da moda, com várias grandes indústrias, mas com milhares de microempresas gera uma “alta capacidade de inclusão” para o setor, como frisou o diretor da SPFW. Neste evento trabalham, a cada semestre 12 mil pessoas e nem a corrida anual de Formula 1 em São Paulo tem “tanta mídia espontânea”, como lembrou Borges.

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