“No futuro drones serão regulados como o celular”

O alvo maior de Chris Anderson é discutir “como inovar”. O empresário, ex-editor da revista Wired e autor dos livros Makers e Cauda Longa veio ao evento Campus Party em São Paulo falar da sua experiência e trajetória, de jornalista e escritor a empreendedor. Mas, sobretudo sobre como inovar. Hoje, ele se dedica à 3D Robotics, uma das maiores e mais importantes produtoras de drones.

“Hoje, o hardware começa a ficar acessível” disse Anderson. Para ele, os jovens de hoje tem a facilidade de contar com o acesso a tecnologias como GPS e Wi-Fi de forma barata. Tudo facilitado pela explosão dos celulares.

Após mostrar a história da sua empresa 3D Robotics, uma das maiores na produção de drones, Anderson deu um banho de otimismo nos jovens campuseiros. “Isso é possível para qualquer um. Vocês jovens desconhecem limites. Com acesso à internet, a inovação é global. Como vi na China, não há razão para o próximo Vale do Silício não ser aqui.”

Chris Anderson concedeu esta entrevista, publicada no Estadão.

O que esperar das legislações sobre drones que estão em debate nos EUA e Brasil?

Elas tendem a ser mais liberais. Atualmente, nos EUA, algumas pessoas podem pedir permissão e usar drones para uso comercial, embora seja raro. Nos próximos anos, a nova lei sobre o assunto deverá incluir categorias de uso. Isso deve facilitar. Quanto ao impedimento de uso comercial, vale lembrar que a internet também era restrita e quando foi liberada foi um boom. Depois disso, olha onde chegamos. Uma última coisa é o fato de que, conforme os drones vão ficando menores e mais leves, menos ameaçador ele é e o risco de machucar alguém será ínfimo. Creio que haverá uma categoria que permita regular drones como o celular.

Grandes empresas como Amazon e Alibaba já testam entregas por drone. Prevê cidades cheias de drones no futuro?

Acho que drones são apenas outro exemplo da internet das coisas. Eles usam as mesmas tecnologias que um celular. O que vemos é a internet chegando à vida real, nos corpos, nos carros, nas casas. Veremos drones voando pelas cidades? Talvez um dia. Mas acho que a realidade mais próxima será sobre as propriedades rurais e as grandes indústrias. Nos próximos dois ou três anos, as fazendas estarão forradas de drones. Acredite.

Sua obra ‘A cauda longa’ é de 2006, o sr. acredita que ela envelheceu?

Você navega pelo YouTube? Se sim, você certamente sabe que a cauda longa não está morta. Dá pra ver que a internet permite que qualquer pessoa se lance hoje. É claro que há uma concentração, mas ao mesmo tempo há uma explosão de opções porque na internet há espaço para qualquer coisa. É verdade que o número um do YouTube predomina, mas durante pouco tempo. Atualmente, a internet provou que temos mais opções e que parte de nós vivemos no blockbuster e outra parte vive na cauda longa.

Sobre o movimento maker e a prática do faça-você-mesmo, você chamou tudo isso de terceira revolução industrial. Ela está acontecendo agora?

O que vemos é a renascença do hardware, já que as barreiras estão caindo. Há outras coisas como crowdfunding, lojas virtuais de peças como o Etsy… À medida que o hardware vai se comportando como o software de antigamente, mais pessoas se envolvem nisso. Muitos apenas por prazer. Lugares como Shengzen, na China, tornaram a possibiliade de se fazer hardware tão acessível, que todos criam. Isso acontecia com software. É o modelo de inovação do software trazido para o hardware e agora isso se encaminha para a internet das coisas, como os drones.

Comentários estão desabilitados para essa publicação