No Facebook, futuro “sem lucros” assusta investidores

A questão é bem simples: apesar do forte resultado trimestral, a empresa decidiu apostar em iniciativas sem lucro garantido.  Os acionistas do Facebook receberam um aviso: a companhia é de Mark Zuckerberg e ele irá gastar bilhões de dólares na próxima década em empreendimentos que poderão nunca gerar lucros substanciais.

O Facebook reportou forte crescimento da receita e do lucro no terceiro trimestre, continuando sua série de desempenhos impressionantes. Mas, em teleconferência para discutir os resultados com investidores, Zuckerberg, o cofundador e diretor presidente da companhia, se concentrou mais em sua visão de futuro, como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Vindu Goel, publicada no Estadão 30/10, pg B 12.

Zuckerberg falou sobre sua recente aquisição, por US$ 21,8 bilhões, do WhatsApp, e como pretende levar o aplicativo para mensagens em aparelhos móveis rapidamente de 600 milhões a 1 bilhão de usuários. Brincou sobre o potencial da Oculos VR, a empresa de realidade virtual que o Facebook adquiriu por US$ 2 bilhões, que precisará de “muitos anos” para contribuir para os resultados do Facebook. E se tornou eloquente sobre a perspectiva de conectar pessoas em países pobres por meio do Internet. org – um empenho quase beneficente que demorará para dar retornos financeiros. Ele não pronunciou a palavra lucro uma única vez.

Mark Zuckerberg tem 55% do poder de voto no Facebook. Dessa forma, se os investidores não concordarem com a sua visão, eles não têm outra escolha a não ser vender os papéis. E muitos venderam, o que provocou uma queda de 8,3% nas ações da empresa nas transações depois do expediente.

Os comentários de Zuckerberg ofuscaram o que foi um trimestre em geral excelente para a empresa. O Facebook informou que a receita no terceiro trimestre cresceu 59% em relação ao mesmo período do ano passado, para US$ 3,2 bilhões. A companhia comunicou que cerca de dois terços de sua receita publicitária vieram de anúncios em celulares, ante metade disso em 2013.

As despesas foram tão baixas que a companhia registrou uma margem de lucro operacional de 44% – normalmente uma cifra que eletrizaria investidores. “O negócio central é fantástico” disse Ben Schachter, um analista da Macquarie Securities.

Mas, o entusiasmo arrefeceu quando Zuckerberg começou a falar sobre investimentos de longo prazo. O diretor financeiro do Facebook, David Wehner, advertiu que no próximo ano as despesas subiriam de 55% a 75% uma vez que a companhia investe em suas novas iniciativas, incluindo WhatsApp, Oculus e plataformas como Atlas, que permitem que marqueteiros es- colham a idade, gênero e outros atributos que querem alcançar com anúncios veiculados fora do Facebook.

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