Na China, “ponte para o futuro” tem 55 km

Olhando do alto, da janela do avião, já se tem um aperitivo da frenética urbanização chinesa: dezenas de gruas acopladas a arranha-céus brotam numa das regiões mais prósperas do planeta. Em solo, carros trafegam por vias elevadas e trens de alta velocidade rasgam a megalópole.

Mas é de barco, em frente ao delta do Rio das Pérolas, que surge a visão mais impressionante: uma ponte de 55 quilômetros, equivalente a mais de quatro vezes a extensão da Rio-Niterói, com duas ilhas artificiais no meio do caminho e um “mergulho” nas águas da baía que converte a pista em 6,7 quilômetros de túneis submersos para não atrapalhar o fluxo constante dos navios de carga.

Em fase final de obras, a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau tem inauguração prevista para 2018 e é apresentada pelos chineses como símbolo da Nova Rota da Seda, iniciativa lançada pelo presidente Xi Jinping para recriar um corredor econômico-comercial ligando o Oriente e o Ocidente com investimentos multibilionários em infraestrutura logística, como mostrou matéria de Daniel Ritter, publicada no Valor de 17/10.

Segundo engenheiros da estatal China Bridge, responsável pela obra, o custo estimado da ponte é da ordem de US$ 15 bilhões. O governo não divulgou dados oficiais.

Na Idade Média, caravanas em camelos atravessavam a Eurásia e desbravadores marítimos levavam suas mercadorias em busca de mais comércio entre as duas civilizações. Embora a história seja o melhor mestre, como gosta de dizer o presidente chinês, Xi Jinping, não é preciso ir tão longe para estabelecer comparaçõe

Esqueça a China que rouba empregos, copia tudo, desconhece a propriedade intelectual. Na Gree, que fabrica um em cada três aparelhos de ar-condicionado vendidos no mundo, 8% do faturamento é dedicado à pesquisa. A empresa tem mais de 700 laboratórios de inovação e acumula 27 mil patentes registradas. “São 20 novos pedidos por dia”, conta Zezhou Yang, da área de vendas internacionais, durante uma visita à sede de arquitetura futurística em Zhuhai.

Curiosamente, como em muitas línguas ocidentais, os chineses também usam com frequência a expressão “tempo é dinheiro”; a diferença é que, em mandarim e em cantonês, ela vem sempre com um complemento: “eficiência é vida”. Frase que resume a nova China 2.0.

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