Lágrimas e festas na queda do preço do petróleo

Demorou, mas aconteceu. O desencontro entre o crescimento da oferta de petróleo e a fraqueza da demanda mundial está derrubando os preços do produto e ameaçando a estabilidade de alguns países, ao mesmo tempo que proporciona um alento à economia de outros.

O preço do petróleo sofreu mais um recuo ontem depois de ter atingido seu menor nível em quase quatro anos na terça-feira. O contrato para entrega em novembro foi negociado a US$ 83,78 o barril, 1,5% menor que na terça-feira, quando a cotação despencou 4,3%, a maior queda percentual desde setembro de 2011, como mostrou material do The Wall Street Journal, assinada por Russel Gold, publicada no Valor Econômico de 16/10, pg B9.

Os mesmos fatores que fizeram os preços despencar na terça-feira estão por trás da queda dos últimos quatro meses, que vem pressionando países como Rússia, Irã e Venezuela. O consumo mundial está estagnado e a Agência Internacional de Energia cortou sua previsão de crescimento da demanda para o menor nível em cinco anos.

Ainda assim, a produção de petróleo continua alta. Nos Estados Unidos, o fraturamento hidráulico deu vazão a uma torrente de petróleo novo que está inundando o mercado. A produção americana deve subir novamente neste ano. Preços mais baixos do petróleo poderiam reduzir o crescimento no próximo ano. E há analistas que preveem que os preços no mercado americano podem cair outros US$ 10 o barril.

Apesar da queda nos preços, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que controla cerca de um terço do suprimento mundial, tem hesitado em conter a produção. A Arábia Saudita está mais centrada em conservar sua participação de mercado, mesmo que isso signifique cortar preços, e o Irã indicou que também aceitaria preços menores.

A queda nos preços do petróleo vem reduzindo os preços da gasolina nos EUA, o que alguns analistas consideram positivo porque aumenta o poder de compra dos consumidores e diminui o custo das empresas, embora não dê um grande impulso ao PIB.

Outros economistas, porém, alertam que o impacto geral sobre a economia dos EUA poderia ser negativo, já que a desaceleração recente no crescimento mundial é uma das maiores razões para o recuo no preço do petróleo. O mesmo se aplica amplamente à Europa.

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