Jovem não quer carro. Será que indústria precisa de “iPhone sobre rodas”?

O que fazer quando a pesquisa prova que em 1985 mais da metade dos adolescentes de 16 anos tinha carteira de habilitação e em 2010 o número caiu para 28%? O dado é da Universidade de Michigan e se refere ao Estado da Califórnia. Poucos duvidam que não seja o mesmo no restante dos EUA. Não deve ser muito diferente entre os jovens das grandes cidades brasileiras, por exemplo.

A pesquisa entrevistou muitos jovens de 16 anos, mostrando que entre um carro ou o modelo de smartphone mais recente, o telefone ganha em todos os casos. Será que um automóvel ainda é mesmo um passaporte para a independência? A matéria do Los Angeles Times, que o Estadão traduziu na edição de 30 de março na pg B10, diz que esta “mudança cultural” é em boa parte resultado da tecnologia que permite que os jovens fiquem conectados entre si sem nunca precisar entrar em um carro. O que é adorado, de música a filme, passando pela roupa, está ao alcance de um clique, ou do deslizar do dedo na tela do telefone.

Uma consultora de marketing sobre tendências de futuro fez um bom resumo: “a internet tornou desnecessária a liberdade proporcionada por uma carteira de habilitação”. Dirigir era o passaporte para “ir onde quisessem, fazer o que quisessem ou fossem quem quisessem ser”. Não precisa mais ir, ficam todos sabendo o que ele quer por um clique. E, se o recurso financeiro existe, a mercadoria desejada chega algumas horas depois até você. Em qualquer canto do planeta.

Há outro modo d entender essa mudança cultural: a forte concorrência para entrar em uma faculdade exige do jovem americano cursos extras e não há mais tempo para frequentar as aulas de direção, porque a legislação mudou e as exigências para uma carteira aumentaram muito. Este é um jeito menos assustador para indústria automobilística de ver a mudança porque a redução do interesses desta geração pela direção impactará as vendas. A indústria sabe que só compra um carro quem está convencido que precisa de um carro. Nos últimos de  anos as vendas de carro para quem tem menos de 20 anos nos EUA caíram pela metade: eram 3,4% do total de vendas e no ano passado foram menos de 2%.

A indústria já sabe também que esta geração não fará suas primeiras experiências de vida em um carro e , portanto estarão pouco apaixonados por dirigir. Pesquisa da maior companhia que aluga carros por hora , Zipcar, resumiu a nova necessidade do setor automobilístico: “ a indústria precisa , na verdade, de um iPhone sobre rodas”.

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