Imigração deve ajudar a economia alemã

Os gastos com refugiados serão uma boa ajuda. Para a maior economia da Europa, os riscos mais significativos à sua expansão são externos, com o enfraquecimento global causado pela desaceleração nos principais emergentes. O crescimento da China no terceiro trimestre caiu para abaixo da barra psicológica de 7%.

Apesar desse cenário externo ruim, Berlim baixou pouco a sua previsão de crescimento em 2015, para 1,7%, ante 1,8% previsto em abril. O ministro da Economia, Sigmar Gabriel (do Partido Social Democrata), conta com a chegada dos refugiados que fogem de guerras no Oriente Médio ou buscam prosperidade para compensar os efeitos da menor demanda global como mostrou material do Valor, assinada por Assis Moreira, publicada na edição de 20/10, pg A9.

Dados oficiais preveem a entrada de 800 mil refugiados no país neste ano, quatro vezes o número do ano passado e equivalente a 1% da população. Certos analistas falam em até 1,5 milhão. O governo dá a cada adulto (80% dos refugiados) € 143 por mês para gastos pessoais. Mas o grosso das despesas é com acomodação, educação, escolas e outras necessidades.

Para o governo, isso age como um pequeno pacote de estímulo econômico. O Deutsche Bank acha que a baixa do preço do petróleo, o euro valorizado e o aumento dos refugiados devem elevar o consumo alemão em 0,5% do PIB, dividido entre setores público e privado.

O banco diz não acreditar em maior impacto do escândalo das emissões de diesel da Volkswagen sobre o “Made in Germany”, que poderia prejudicar as exportações.

A onda de refugiados continua causando certa dificuldade política para a premiê Angela Merkel em seu próprio partido. Os jornais estão cheios de artigos sobre pressões que ela enfrenta para convencer seus aliados do impacto econômico que isso terá no longo prazo.

A Alemanha provavelmente vai superar os EUA neste ano e se tornará o principal país de imigração no mundo.

“Sem uma significativa migração na próxima década, a mão de obra total da Alemanha perde 4,5 milhões de trabalhadores”, escreveu num jornal. “Isso derruba a tendência da taxa de crescimento, do atual 1,5% para cerca de 0,5%. A estagnação seria possível em 2030. E a análise omite dificuldades adicionais de uma população idosa para manter a capacidade inovativa e a expansão da produtividade.”

Outros analistas, porém, duvidam que a migração transformará as perspectivas econômicas da Alemanha. Acham que muito depende da capacidade de a economia integrar as pessoas que chegam.

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