Guerra comercial seria mais prejudicial à China

O impacto imediato de qualquer guerra comercial entre Estados Unidos e China seria pior para Pequim, de acordo com um novo relatório sobre a exposição das empresas multinacionais ao mercado chinês.
Nem os setores de exportação dos EUA e de outros grandes países desenvolvidos seriam significativamente afetados por uma desaceleração econômica na China, disse o Conference Board em relatório.
O grupo de lobby corporativo com sede em Nova York descobriu que as exportações de valor agregado dos EUA e da União Europeia para a China eram equivalentes a 0,7% e 1,6%, respectivamente, da produção econômica nacional de cada um. Em relação ao Japão, a cifra é de 2,1%.
As exportações de valor agregado da China para os EUA, por sua vez, eram equivalente a cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, sugerindo que Pequim tem mais a perder em um confronto comercial com o governo do presidente americano, Donald Trump.
“Uma guerra comercial entre os EUA e a China, como visto por esses dados, não parece ser uma grande ameaça à economia dos EUA”, disse Erik Lundh, economista sênior do Conference Board e um dos autores do relatório.
Lundh advertiu, no entanto, que os danos colaterais causados pela guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo seriam consideráveis para ambos os lados. Segundo o economista, no entanto, uma disputa comercial poderia ser bastante dolorosa para os consumidores americanos, que seriam atingidos por maiores preços de bens importados, como mostrou artigo do Financial Times, assinado por Tom Mitchell, publicado no Valor de 21/8.
Na semana passada, Steve Bannon, o polêmico estrategista-chefe de Trump que foi demitido na sexta-feira, afirmou que os EUA e a China estavam envolvidos em uma “guerra econômica”, da qual só um poderia sair um vencedor.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse que ambos os lados sofreriam em caso de maior atrito comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Em relatório divulgado na semana passada, o Conference Board desmembra dados comerciais tradicionais que tratam, por exemplo, um trator canadense vendido à China como exportação canadense, mesmo que alguns dos componentes tenham sido produzidos nos EUA. Os números do Conference Board, no entanto, consideram componentes americanos do trator canadense como exportações dos EUA para a China. O mesmo em relação a componentes feitos na Coreia do Sul e em Taiwan para um iPhone fabricado na China que é vendido nos EUA: são contados como exportações coreanas e taiwanesas aos EUA.
O relatório descobriu que enquanto exposições diretas e indiretas das multinacionais a fatores que vão des políticas cambiais chinesas a turismo para o exterior estão se “intensificando em termos de alcance e magnitude”, de uma perspectiva comercial “o mundo, de maneira geral, tem pouca dependência em relação à China”.
Exceções importantes incluem a Coreia do Sul e os grandes exportadores de recursos naturais, como a Austrália, cujas exportações de valor agregado para a China dizem respeito a 6,8% e a 4,4%, respectivamente, do PIB.
As cifras sobre comércio que capturam a complexidade das modernas cadeias de suprimentos, ao rastrear a origem dos componentes e não apenas os produtos finalizados, tendem a mostrar que os desequilíbrios comerciais bilaterais são muitas vezes exagerados.
Em março, o Conference Board estimou que, com base em exportações de bens e serviços, o déficit comercial dos EUA com a China em 2014 foi de US$ 200 bilhões – abaixo do déficit de US$ 360 bilhões calculado com base em dados comerciais tradicionais.
A China é o maior importador de alimentos e energia, comprando 20% das exportações globais em ambos os setores. É também o principal cliente de nações pequenas e ricas em energia, como Congo, Angola, Omã, Iêmen e Sudão do Sul

Comentários estão desabilitados para essa publicação