França assina acordos bilionários com a China

A França e a China assinaram ontem acordos avaliados em bilhões de euros que incluem uma enorme encomenda dos aviões Airbus, durante uma visita do presidente chinês, Xi Jinping, apesar de Paris ter rejeitado o projeto de infraestrutura da Iniciativa do Cinturão e da Rota (BRI, na sigla em inglês) – também conhecida como a Nova Rota da Seda.
O presidente Emmanuel Macron quer forjar uma frente europeia unida para enfrentar os avanços chineses no comércio e na tecnologia. A visita de Xi também forneceu um palco para os manifestantes que buscam um maior empenho europeu sobre os supostos maus tratos às minorias na China.
“A Europa precisa estar unida e ter uma mensagem coerente. É isso que estamos fazendo em investimentos estratégicos”, disse Macron em um pronunciamento conjunto com Xi. Nenhum dos líderes respondeu a perguntas.
Macron e Xi voltam a se reunir hoje em Paris, acompanhados pela premiê da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Xi chegou à França depois de visitar a Itália, a primeira potência ocidental a endossar a BRI, numa tentativa de estimular sua estagnada economia.
A BRI, defendida por Xi, visa ligar a China por mar e terra ao Sudeste da Ásia e Ásia Central, Oriente Médio, Europa e África, através de uma rede de infraestruturas. A França defende que a cooperação na BRI precisa funcionar nos dois sentidos.
Macron disse que as empresas europeias precisam de um melhor acesso à China, mais confiança em suas bolsas de valores, uma melhoria tangível no ambiente de negócios e uma concorrência justa. Ele disse que a BRI precisa atender às normas internacionais.
França e China assinaram 15 acordos, totalizando cerca de € 40 bilhões, incluindo um pedido de 300 aviões da Airbus, estimados em € 30 bilhões.
Os acordos variam desde o setor de energia renovável até o de navegação e o bancário. Macron também disse que a China concordou em suspender o embargo à carne de frango francesa.
Em uma coluna publicada no domingo no jornal francês “Le Figaro”, Xi deixou claro que quer a cooperação de Paris na BRI, pedindo mais comércio e investimentos em setores que vão da energia nuclear à aeronáutica e à agricultura.
“Cabe a nós trabalhar com a França para desenvolver uma parceria global e estratégica que seja mais robusta, estável e dinâmica”, disse Xi ao lado de Macron. “Queremos que o nosso desenvolvimento beneficie os outros e esse é o caso da BRI.”
As autoridades francesas descrevem a China como um desafio e como parceira, afirmando que a França deve permanecer especialmente vigilante em relação às tentativas chinesas de se apropriar da tecnologia estrangeira para seus próprios propósitos.
A UE já está avaliando uma estratégia mais defensiva para a China, estimulada pela lentidão de Pequim em abrir sua economia, aquisições chinesas em setores críticos e um sentimento nas capitais europeias de que Pequim não defende o livre comércio.
Como parte dos esforços para promover essa abordagem, Macron convidou Merkel e Juncker para participarem de um encontro com o presidente chinês, evitando assim uma abordagem puramente bilateral.
“Macron não ficou feliz em ver a China receber tantas atenções em Roma, então ele inventou um formato europeu bizarro, convidando Merkel e Juncker como um contrapeso para mostrar que ele é a força motriz por trás da integração europeia”, disse um diplomata asiático baseado em Paris.

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