Facebook entra na arena política. E parte do setor de TI segue junto…

Será que entre as funções dos empresários de sucesso em Tecnologia da Informação (TI) está a de “cuidar de política”? Parece excludente que gente de TI pare de cuidar de inovação, de novos circuitos, de design revolucionário e passe a tratar, por exemplo, de questões que envolvam conceder, ou não, cidadania americana a imigrantes, dobrar as dificuldades políticas para que a educação melhore em bairros pobres, ou se preocupem com a melhor definição de regras para que a escolha de deputados em Comissões do Congresso.
É curioso, mas todos estes temas passaram a ocupar o tempo de Mark Zuckerberg, do Facebook. E não só dele. Matéria do The Wall Street Journal, assinada por Evelyn M. Rusli, de ontem (traduzida em parte na edição do Valor Econômico de 27/3, pg B14) mostrou que o dono do Facebook adicionou um novo título à sua lista de funções: organizador político.
O jornal americano especializado em economia mostrou que Zuckerberg trabalha no lançamento de um grupo, junto com, por exemplo, Joe Green, seu companheiro de turma em Harvard, ou com Reid Hoffamn, o fundador do Linkedin, e mais uma dezena de altos executivos do setor de tecnologia com objetivo bem definido: concentrarem-se em temas essencialmente políticos para “fazerem pressão” por reformas legislativas bem específicas que facilitem a vida das pessoas. O grupo já levantou dezenas de milhões de dólares para os gastos necessários.
É preciso total atenção a um ponto: nenhum desses executivos pensa em se torna candidato a qualquer cargo político. É completamente diferente: eles pretendem que os políticos façam a parte deles, cumpram sua função. Eles vão usar sua capacidade de organização para pressioná-los. Zuckeerberg deixou bem claro qual será o seu papel; “organizador político”.Todos os outros tem a mesma intenção.
A ideia é de fazerem os políticos trabalhem melhor com a ajuda dos executivos do setor de TI. É assessoria mesmo. A matéria do W S Journal mostrou também que novo grupo contará com vários consultores especializados nos meandros políticos de Washington, como Joe Lockhart, ex-secretário de imprensa de Bill Clinton, ou John Lerner, um estrategista político que trabalhou para candidatos republicanos nas duas últimas eleições presidenciais.
A forma de “fazer política” ganhou um grupo de pressão novo. Não é apenas lobby. É diferente: são executivos e empresários de enorme sucesso que selecionam algumas causas que, a critério deles, prejudicam as pessoas do ponto de vista político e, exatamente por isso, prejudicam os seus negócios. Esse assunto provocará muito debate. E não só nas páginas dos jornais de economia.

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