Europa reconhece risco de “guerra total” na Ucrânia

A preocupação com a Ucrânia aumentou. E muito. França e Alemanha lançaram ofensiva diplomática com o objetivo de evitar uma “guerra total” na região de Donbass, no leste da Ucrânia. Juntos, o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, propuseram às autoridades de Kiev e de Moscou uma nova trégua que mantenha a integridade territorial do país, mas dê mais autonomia às cidades separatistas de Donetsk e Luhansk.

O anúncio da mobilização europeia foi feito por Hollande no Palácio do Eliseu. Segundo o presidente, o objetivo é impedir a intensificação dos combates em razão da mobilização de voluntários dos dois lados, com o aumento do apoio da Rússia aos separatistas e com a perspectiva de que os Estados Unidos forneçam armas aos militares ucranianos, como mostrou matéria do Estadão de 6/02, pg A11.

“O tempo está passando e ninguém poderá dizer que a França e a Alemanha não tentaram tudo para preservar a paz”, afirmou Hollande, advertindo que a “opção diplomática” não poderá se prolongar indefinidamente. “Nós estamos em meio a uma guerra – uma guerra que pode se tornar total”.

Hollande e Merkel encontraram-se com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, a quem apresentaram a proposta para encerrar o conflito, que deixou 5,3 mil mortos nos últimos nove meses.

Os líderes políticos não revelaram detalhes do texto, mas segundo o Palácio do Eliseu ele visa substituir o Acordo de Minsk, que resultou em um cessar-fogo fracassado no ano passado, e garantir maior autonomia administrativa à região de Donbass, onde se localizam Donetsk e Luhansk, garantindo porém a integridade territorial ucraniana.

A mesma proposta será apresentada ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de fornecer armas e soldados aos separatistas ucraniano. O Kremlin, porém, teria como objetivo estabelecer em Donbass uma nova “zona neutra” independente, mas que seja um protetorado russo de facto, como acontece com a Abkházia e a Ossétia do Sul, na Geórgia, e a Trans-Dniester, na Moldávia.

Poroshenko voltou a pedir que os países da Otan forneçam armas ao Exército ucraniano. Hollande e Merkel advertiram que não enviarão equipamentos bélicos. E pediram que os EUA também não enviem mais armas à região. Porém, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que o presidente Barack Obama analisará o pedido de enviar armas à Ucrânia “em breve”.

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