EUA querem conter avanço de China e Rússia na África

O assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, disse ontem que os EUA planejam se contrapor à crescente influência econômica e política da China e da Rússia na África, acusando os dois países de usar corrupção e práticas predatórias nos negócios.
Em discurso, ele disse que a prioridade dos EUA será desenvolver laços econômicos com a região para criar oportunidades para empresas americanas e proteger a independência dos países africanos, assim como os interesses americanos de segurança nacional.
“Grandes potências rivais, nomeadamente a China e a Rússia, estão expandindo rapidamente sua influência financeira e política em toda a África”, disse. “De forma deliberada e agressiva, estão direcionando seus investimentos na região para ganhar uma vantagem competitiva sobre os EUA.”
O discurso de Bolton na Heritage Foundation, um instituto conservador, ocorre no momento em que o presidente americano, Donald Trump, e o chinês, Xi Jinping, líderes das duas maiores economias do mundo, procuram resolver disputas comerciais que têm afetado os mercados globais e criado incerteza econômica.
“A China utiliza subornos, acordos obscuros e o uso estratégico da dívida para manter os países na África cativos das vontades e exigências de Pequim. Suas iniciativas de investimento estão repletas de corrupção”, disse Bolton. Ele também criticou a Rússia. “Por todo o continente, a Rússia promove suas relações políticas e econômicas sem nenhum respeito pelas leis nem pela governança responsável e transparente.”
Bolton acusou Moscou de vender armas e energia em troca de votos na Organização das Nações Unidas (ONU), “votos que mantêm ditadores no poder, minam a paz e a segurança e vão ao contrário dos interesses do povo africano.”
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Bolton afirmou que as “práticas predatórias” da China e da Rússia impedem o crescimento econômico na África e ameaçam a independência econômica de seus países. As políticas da China na África preocupam para Washington, que busca reforçar o financiamento do desenvolvimento diante das ambições globais da China.
O chefe da Corporação para Investimentos Privados no Exterior (Opic, na sigla em inglês) dos EUA disse em julho que a China está sobrecarregando países pobres com dívidas insustentáveis para grandes projetos de infraestrutura que não são viáveis economicamente.
Bolton contrastou as políticas de “propaganda enganosa” da China com a abordagem americana “A forma como fazemos negócios é muito mais franca”, afirmou.
Em outubro, Trump sancionou a lei que reconfigura os empréstimos para desenvolvimento estrangeiro dos EUA, criando uma agência de US$ 60 bilhões destinada em boa parte a responder à crescente influência da China.
A nova Corporação Internacional para o Financiamento do Desenvolvimento funde a Opic com outras organizações de desenvolvimento do governo dos EUA. A Iniciativa do Cinturão e da Rota (BRI, na sigla em inglês), da China, anunciada em 2013, tem o objetivo de construir uma rede de infraestrutura que conecte a China por terra e por mar com o Sudeste Asiático, a Ásia Central, o Oriente Médio, a Europa e a África.
Bolton disse que a falta de progresso econômico na África criou um clima propício ao conflito violento e à proliferação do terrorismo. Para ele, os EUA despejaram bilhões de dólares no continente com poucos resultados visíveis.
Ele afirmou que os EUA vão trabalhar para garantir que a ajuda americana seja usada de forma mais eficiente e efetiva, que os países que a recebam invistam em saúde e educação, encoragem a transparência fiscal e governamental e respeitem as leis.

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