EUA adia aumento de tarifas sobre produtos chineses, esfriando guerra comercial

O presidente americano, Donald Trump, anunciou o adiamento da entrada em vigor de novas tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos importados da China, citando “progresso substancial” nas negociações bilaterais. As novas tarifas seriam impostas a partir do próximo sábado (2).
Em mensagem em uma rede social, o republicano afirmou que estava “satisfeito” em informar que os EUA tinham feito progresso substancial nas negociações comerciais com a China “em assuntos estruturais importantes, incluindo proteção à propriedade intelectual, transferência de tecnologia, agricultura, serviços, moedas e outros temas.”
Como resultado das conversas, Trump anunciou o adiamento do aumento das tarifas sobre produtos chineses. “Considerando que os dois lados façam progressos adicionais, nós estamos planejando uma cúpula para o presidente Xi [Jinping] e eu, em Mar-a-Lago [Flórida], para concluir um acordo. Um final de semana muito bom para os EUA e a China!”
O prazo anterior para chegar a um acordo terminava na sexta-feira. Com isso, a partir de sábado cerca de US$ 200 bilhões em importações da China veriam suas tarifas aumentarem de 10% para 25%.
Antes de anunciar o adiamento, o presidente tinha se manifestado sobre a disputa com a China na sexta-feira (22), durante um encontro no Salão Oval. Na ocasião, ele demonstrou divergir publicamente do negociador chefe com a China, Robert Lighthizer, sobre o tipo de acordo que estava sendo negociado. O republicano criticou Lighthizer por ter chamado o pacto um “memorando de entendimento”, o que, segundo Trump, “não significa muita coisa.”
O pano de fundo para a disputa, dizem analistas, é a ameaça que a China representa à hegemonia americana, e também algumas práticas chinesas questionadas pelo governo de Trump, como as transferências forçadas de tecnologia e a violação de direitos de propriedade intelectual.
Oficialmente, a guerra comercial entre EUA e China começou em março do ano passado, quando Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e de 10% sobre a de alumínio. Nesse primeiro momento, o alvo não era declaradamente o gigante asiático.
Mas a situação começou a escalar e a se tornar bilateral a partir de abril, quando a China retaliou e decidiu impor tarifas sobre US$ 3 bilhões de produtos americanos.
As primeiras negociações para resolver o impasse começaram em maio, mas, desde então, pouca coisa avançou, enquanto os dois países seguiam impondo mais tarifas bilaterais. Em novembro, Trump e Xi voltaram a se falar, reacendendo a esperança de um acordo. Os produtos atingidos pelas tarifas vão desde aeronaves, petróleo e equipamentos médicos até zircônio.
Em termos econômicos, o impacto já começa a ser sentido nas contas chinesas. Em dezembro do ano passado, as exportações do país asiático recuaram ao ritmo mais forte em dois anos. As importações também contraíram, indicando fraqueza na China e redução da demanda global.
Apesar disso, em 2018 a China teve o maior superávit comercial com os Estados Unidos já registrado, com um aumento de 17,2%, para US$ 323,32 bilhões. O PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 6,6%, no menor ritmo desde 1990.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/trump-adia-aumento-de-tarifas-sobre-produtos-chineses-esfriando-guerra-comercial.shtml

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