Empresa tem nome francês. Mas, fala inglês. Ou, chinês.

Os franceses ficaram bravos. Na expressão deles, os americanos estão “fazendo a feira” na França. E não é bem para comprar batata ou trufas. Eles pretendem comprar mesmo empresas francesas que consideram promissoras. Como a Alstom, disputadas pela americana General Electric e, agora, pela alemã Siemens.

O caso, que mobiliza até o presidente François Hollande, virou assunto de Estado por colocar novamente nos holofotes a questão da desindustrialização francesa. A Alstom tem atividades muito estratégicas, como turbinas de centrais nucleares, com muitos outros segredos industriais na área de geração de energia. A empresa também fabrica o famoso trem bala francês, o TGV, mas o setor de transportes não está incluído nas negociações, só a área de energia.

Mas, exatamente aí está o problema, porque dos 14 bilhões de euros de faturamento anual, 73% é exatamente na área de energia, a que será vendida.

O governo francês, como mostrou matéria do Valor de 29/04, pg B3, empenhou-se em atrasar a venda e por um fim no acordo com a GE. O ministro da economia, Arnaud Montebourg, declarou: “ou somos comprados pela Boeing ou construímos uma Airbus”. Ou seja, o fabricante de turbinas e outros equipamentos para centrais elétricas teria futuro ao lado da alemã Siemens, como um gigante europeu da área de energia. O governo Hollande não vê as mesmas chances ao lado da americana GE.

Alguns analistas dizem que o “patriotismo econômico“ francês não tem muito sentido porque a maior parte das empresas do país já são mundiais. A montadora Peugeot-Citroen, já é uma empresa franco-chinesa com a entrada do grupo Dongfeng no capital da companhia. O grupo belga Solvay, em 2011, comprou a Rhodia, uma das maiores indústrias químicas francesas.

Muitos economistas franceses repetem que o problema é ter empresas francesas mais fortes, que sejam capazes de investir no exterior, e não contrário. Mas, não é o que aconteceu nos últimos tempos.

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