Desigualdade nos EUA preocupa presidente do FED

Não era só o assunto, mas quem falava: Janet Yellen, a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), usou ontem a influência de seu cargo para soar o alarme sobre o crescimento da desigualdade econômica.

Yellen, que assumiu o cargo em fevereiro, continua a imprimir sua marca no Fed ao destacar questões relacionadas à desigualdade econômica. Além dos esforços do Fed para aumentar o crescimento do emprego com uma política monetária estimuladora, Yellen vê um papel para o Banco Central como uma fonte de pesquisa para incentivar debates públicos, como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Binyamin Appelbawn, traduzida no Estadão de 18/10, pg B12.

Ela não mencionou o alvoroço recente do mercado ou a política monetária durante sua fala de 30 minutos. Pintou um quadro sombrio da distribuição cada vez mais desigual de riqueza e renda, advertindo que os americanos já têm chances relativa- mente pequenas de progredir economicamente, e que o problema pode estar se agravando.

“Acho apropriado perguntar se esta tendência é compatível com valores profundamente enraizados na história de nossa nação, entre eles o alto valor que os americanos tradicionalmente atribuem à igualdade de oportunidades”, disse em pronunciamento que abriu uma conferência sobre desigualdade na filial do Fed de Boston.

No discurso de ontem, Yellen se concentrou nas quatro fontes da oportunidade econômica: meios para criar filhos, acesso à educação, posse de uma pequena empresa e herança. Ela disse que pesquisas recentes do Fed mostravam que a distribuição dessas oportunidades era cada vez mais desigual. Por exemplo, a parte da riqueza retida pela metade inferior das famílias caiu de 3% em 1989 para 1% em 2013.

Programas e benefícios públicos compensam parte dessa desigualdade, mas Yellen notou que o financiamento público da educação básica não havia aumentado desde a recessão, enquanto o custo da educação superior continua a subir: “Eu temo que o grande e crescente ônus de pagar por ela pode dificultar para muitos jovens aproveitar a oportunidade que a educação superior oferece”.

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