Design virou “fator de risco” para a Apple

Ritmo de inovação é coisa séria. Na 24ª Conferência de Desenvolvedores Mundiais da Apple, que começou ontem em San Francisco, foi apresentada a mais nova versão do sistema operacional da empresa para aparelhos móveis, o iOS7.1. Parece muito, mas não é. A participação de mercado do sistema IOS recuou dos 22,5% alcançados no primeiro trimestre de 2012 para 18,5% neste ano. O sistema Android, do Google, saltou de 56,9% para 74,4% , no mesmo período. Analistas apontam que o sistema da companhia, que sempre foi exemplo de elegância, requer renovação urgente.
O novo sistema iOS 7.1 permitirá maior personalização. Os analistas esperavam, portanto, que o visual do IOS evolua, para um design mais claro e mais simples. A Apple garante que os atendeu com a mudança na interface, que agora atendem a movimentos. Os concorrentes sentem-se confortáveis, em termos de design, quando comprados com produtos da Apple, pois, o fator estético, antes um diferencial muito favorável para a Apple. A percepção predominante é que as interfaces móveis precisam ser enxutas, ícones sobre fundo branco, como no Windows 8 , da Mircrosoft, o contrário do que propõe o design “skeuomorphic”, em que os objetos virtuais lembram os físicos adotado pela Apple, desde sempre.
Há uma percepção, como notou a matéria da Bloomberg Businessweek, que o Valor Econômico traduziu na edição de 10 de junho, pg B2, que o ritmo de inovação da Apple não acompanha a concorrência. Em parte, como lembraram vários analistas, porque o próprio histórico da empresa na criação de produtos que definem categorias muito novas de dispositivos seja difícil de superar. Além disso, há uma enxurrada de produtos novos dos competidores, especialmente da Samsung, o que significa: os consumidores podem escolher smartphones e tablets de todos os tamanhos e preços. Durante a apresentação em San Francisco, em vídeo, o designer britânico, Jony Yve, responsável pela reformulação da interface do IOS disse que sua missão era gerar “ordem na complexidade”, provavelmente querendo dizer que iniciava um ciclo de mudanças no visual dos produtos da empresa.
É verdade que nem de longe a Apple está perto de “grandes problemas” de mercado. A empresa captura 57% dos lucros mundiais com venda de smartphones e tablets, algo perto de US$ 7,1 bilhões no primeiro trimestre, segundo a Strategic Analytics. A empresa fica com 40% do lucro na venda de tablets, mais do que os 4 concorrentes mais próximos reunidos, segundo a IDC.
Porém, parte do “clima de monotonia” em torno da Apple pode ser devido a mudança na sua agenda de divulgação de produtos. Neste ano, em vez de distribuir os anúncios de novos produtos ao longo do calendário, a Apple reagendou todos os seus lançamentos para o outono, do hemisfério Norte, com foco no Natal. O comportamento da empresa em San Francisco pode significar mudança neste esquema. Os concorrentes usaram outra tática e apareceram mais. A Samsung chegou a fazer comerciais ironizando os fãs da Apple , esperando em filas para comprar novos produtos que não existiam. Design novo será ponto importante da Apple na recuperação dessa diferença.

Comentários estão desabilitados para essa publicação