Dados indicam economia chinesa em desaceleração

Os primeiros indicadores de junho da economia chinesa indicam que o setor industrial pode estar se enfraquecendo e que pode haver outros problemas para o segundo semestre deste ano.

Pequenas e médias empresas apresentaram o mais baixo nível de confiança em 16 meses; um indicador da indústria aferido por imagens de satélites caiu; e a condição no setor siderúrgico segue fraca. Mas há algumas notícias boas: o ânimo dos gerentes de vendas permaneceu positivo e as previsões de especialistas financeiros apresentaram uma recuperação., como mostrou matéria da Bloomberg, publicada no Valor de 28/06

A produção na segunda maior economia do mundo perdeu força no segundo trimestre, após um vigoroso início de ano, tendo havido desaceleração nos investimentos, algum aperto no crédito e evidências de que as restrições impostas ao mercado imobiliário estão começando a fazer efeito. Se a desaceleração piorar nos próximos meses, a decisão do governo de reduzir o risco no setor bancário poderá ser testada durante um período de transição da liderança política.

O premiê chinês, Li Keqiang, rebateu as preocupações com a economia chinesa e o risco representado pelo rápido crescimento da dívida nos últimos anos. Os riscos financeiros estão, “sob controle” e a China pode atingir suas metas de crescimento deste ano, afirmou.

Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial, em Dalian, no nordeste do país, Li buscou dissipar os temores que levaram a Moody’s a rebaixar o rating de crédito da China no fim de maio e o Fundo Monetária Internacional (FMI) a emitir um alerta há duas semanas para que Pequim adote ações efetivas urgentes para controlar o crescimento do endividamento. Ele reconheceu que Pequim identificou a existência de alguns problemas, mas afirmou que não há “risco financeiro sistêmico” na China.

Entre os dados negativos para a economia chinesa, o Índice de Confiança de Pequenas e Médias Empresas da Standard Chartered caiu para 54,7 – menor nível em 16 meses – sinalizando que essas empresas estão encontrando mais dificuldade para obter crédito, à medida que as agências reguladoras entram em ação para conter os riscos financeiros. Um sub- indicador de crédito caiu abaixo de 50, sinalizando deterioração pela primeira vez, escreveram os economistas Kelvin Lau e Hunter Chan, especializados no setor bancário.

Isso indica que os bancos estão mais hesitantes em emprestar a empresas menores, deixando-as sujeitas às consequências do aperto, disseram Lau e Chan. “Embora o banco central provavelmente vá disponibilizar recursos suficientes para evitar uma crise de liquidez, os bancos poderão preferir emprestar para empresas maiores, em não a pequenas, em meio a condições mais apertadas de liquidez.”

Vista pelos satélites, a situação também parece mais fraca. O atividade industrial parece estar em deterioração pela primeira vez desde agosto, segundo o China Satellite Manufacturing Index, que caiu para 49,6. O índice, publicado pela empresa SpaceKnow, de São Francisco, usa imagens de satélites comerciais para monitorar atividades em milhares de locais industriais. Mensurações acima de 50 indicam melhora na atividade; abaixo de 50 indicam deterioração.

O índice S&P Global Platts China Steel Sentiment continuou em nível fraco – a 38,12, numa escala que vai de 0 a 100 pontos. O indicador é baseado em pesquisas com cerca de 75 a 90 participantes do mercado do setor na China, entre eles traders e siderúrgicas.

“Esses participantes do mercado não esperam nenhuma grande melhora no próximo mês”, escreveu Paul Bartholomew, editor-chefe da S&P Global Platts, de Melbourne (Austrália). “A confiança no mercado exportador evaporou-se após dois meses mais fortes, pois clientes estrangeiros temem realizar compras quando a direção dos preços está tão pouco clara.”

Os gerentes de vendas, porém, estão mais otimistas. Um indicador de confiança baseado em pesquisas subiu para um pico de 52,5 em 20 meses, segundo a World Economics, empresa de pesquisas de Londres. “Veremos uma pequena elevação geral, mas nada dramática”, disse o diretor executivo Ed Jones. “Se a tendência ascendente de crescimento do mercado e de aumento das vendas persistirem, a perspectiva será positiva”.

A confiança dos investidores externos na perspectiva chinesa se recuperou neste mês em relação a maio, segundo uma pesquisa do China Economic Panel, projeto conjunto do Centro de Pesquisa Econômica Europeia (ZEW), de Mannheim, na Alemanha, e da Universidade Fudan, em Xangai. O índice ZEW sobre expectativas dos investidores para a economia nos próximos 12 meses subiu de menos 0,1 em maio para 9,7 – ainda abaixo de 17,1 pontos, em abril.

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