Computação em nuvem tem lado obscuro e caro

O argumento econômico para a adoção da computação em nuvem é baseado na ideia de que consumir recursos à medida que eles são necessários custa menos que o capital investido numa sala cheia de servidores e as despesas com a manutenção deles. Mas a facilidade com que os departamentos podem acessar mais recursos on-line apenas com um cartão de crédito corporativo pode ser um problema.

Contratar muita capacidade de computação pode ser tão fácil como pedir comida demais em um restaurante ou deixar a torneira aberta em casa, como mostrou material do the Wall Street Journal, assinada por Clint Boulton, publicada no Valor Econômico de 19/02, pg B10.

Os benefícios que as empresas obtêm ao migrar suas aplicações de computadores para serviços em nuvem estão se mostrando muito mais complexos do que selecionar um parceiro e apertar uma tecla, dizem executivos que fizeram a transição. Na ausência de controles adequados de custos, eles dizem que a computação em nuvem pode causar desperdícios de recursos valiosos.

O que observar? Especialistas dizem para sempre ter os custos futuros em mente quando planejar a mudança. Entre os erros mais comuns estão a contratação em excesso de capacidade computacional, não programar a desativação de programas fora do expediente, não usar ferramentas para monitorar os ciclos de computação desperdiçados ou deixar os programadores pensarem que os ciclos são gratuitos.

Nesse sentido, podem ser úteis as lições aprendidas por pioneiros na migração para a nuvem, como o Netflix, que oferece vídeos por streaming. Adrian Cockcroft, um ex-arquiteto de computação em nuvem do Netflix que comandou a transição que a empresa fez de seu centro de dados próprio para a unidade de serviços de internet da Amazon Inc., diz que os engenheiros do Netflix criaram um software que automaticamente desligava os sistemas em momentos de menor demanda e podiam prever a hora de voltar a operar. Outro programa customizado do Netflix monitora os recursos em nuvem consumidos por cada região ou serviço.

“Se você cria aplicativos que consideram que as máquinas são efêmeras e podem ser substituídas em alguns minutos ou segundos, então você acaba desenvolvendo aplicativos que levam o custo em consideração”, diz Cockcroft, sócio da empresa de capital de risco Battery Ventures.

Cerca de 60% dos servidores de aplicações em nuvem podem ser reduzidos ou eliminados porque as empresas os contrataram em excesso, diz Boris Goldberg, um dos fundadores e diretor de tecnologia da Cloudyn Ltd., que cria software para monitorar e gerenciar a computação em nuvem.

A capacidade de administrar os custos da computação em nuvem está virando uma prioridade para as empresas à medida que a tecnologia se torna cada vez mais importante. Os investimentos mundiais em serviços públicos em nuvem devem atingir um total de US$ 59,5 bilhões, ante US$ 45,7 bilhões em 2013, segundo a firma de pesquisa IDC.

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