Comércio internacional recua, diz OCDE

O comércio internacional de mercadorias dos principais países desenvolvidas e emergentes continuou a cair no segundo trimestre, sob o impacto da guerra comercial entre EUA e China, as duas maiores economias do mundo. Entre abril e junho, as exportações do G-20 em dólar encolheram 1,9%, enquanto as importações caíram 0,9%, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A contração nos fluxos de mercadorias foi de US$ 104,8 bilhões no grupo.
EUA e China tiveram desempenhos basicamente negativos no segundo trimestre, numa ilustração de que o conflito afunda os negócios. As exportações chinesas caíram 5,3% no período, para o menor nível desde o quarto trimestre de 2017. Os chineses venderam ao exterior menos US$ 33,8 bilhões em relação ao primeiro trimestre. As importações subiram 0,6%, cerca de US$ 4 bilhões.
Os EUA, que segundo Donald Trump estão ganhando a guerra, exportaram 1,1% a menos no segundo trimestre, queda de US$ 4,3 bilhões nas vendas ante o primeiro trimestre. As importações cresceram ligeiramente, 0,3%.
Entre abril e junho, em meio à escalada no conflito, os EUA aumentaram em 2,7% as exportações para a China e importaram dos chineses mais 0,2%. Mas esses fluxos ficaram bem abaixo dos dados do terceiro trimestre de 2018, quando as exportações aumentaram 17,4%, e as importações 10,2%.
Nos 28 países da União Europeia (UE), as exportações caíram 1,7%, com US$ 27,2 bilhões a menos ante o primeiro trimestre. As importações caíram 2,3%, ou seja, os europeus compraram US$ 36,4 bilhões a menos no exterior.
A Alemanha, terceiro maior exportador mundial, teve queda de 3% nas vendas externas (US$ 11,2 bilhões) e de 1,7% (US$ 6 bilhões) nas importações. O Reino Unido, em meio às incertezas provocadas pelo Brexit, exportou menos 7,1% e importou menos 12,6%.
Se um país importa bem menos, isso sinaliza uma deterioração da economia local. Na Argentina, a contração das importações vem desde metade do ano passado, com queda de 5,7% no segundo trimestre, recuo de 8,8% no terceiro, declínio de 15,5% no quarto, estagnação no primeiro trimestre deste ano e, agora, -6,4% no segundo trimestre. As exportações caíram 2,1% no primeiro trimestre e 1,7% no segundo, sempre comparado ao período anterior. A OCDE nota que o peso argentino desvalorizou-se 12,5% recentemente ante o dólar americano e caiu 86,7% nos quatro últimos trimestres.
O Brasil, que é afetado pela recessão argentina, teve queda de 7% nas exportações no primeiro trimestre e de 2,8% no segundo. As importações brasileiras caíram 11,2% no último trimestre de 2018, 6,4% no primeiro trimestre deste ano e 0,1% no segundo trimestre.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) já alertou que os indicadores continuam apontando para mais desaceleração no comércio neste terceiro trimestre.

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