China impõe sobretaxas a 128 produtos americanos

A China anunciou tarifas retaliatórias de até 25% sobre importações de alimentos dos EUA, incluindo carne suína, frutas, castanhas e vinho, em resposta às novas tarifas do governo do presidente Donald Trump sobre importações de aço e alumínio.
O governo chinês disse que as tarifas adicionais sobre 128 tipos de produtos de origem americana passarão a ser aplicados a partir de hoje “para salvaguardar os interesses da China e equilibrar as perdas causadas pelas tarifas adicionais americanas”, segundo um comunicado divulgado ontem à noite, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Tom Hancock, publicada no Valor de 01/04.
As novas tarifas mais altas, de 25%, serão adicionadas às tarifas já existentes sobre as importações de sucata de alumínio dos EUA e a vários tipos de carne suína congelada, segundo o comunicado. Uma tarifa adicional de 15% será aplicada a dezenas de alimentos provenientes dos EUA, entre elas frutas frescas e secas – como cerejas, nozes, amêndoas e pistache – e vinhos, bem como a vários tipos de barras de aço laminadas.
A lista é coerente com as medidas propostas por Pequim no mês passado, quando anunciou seus planos para impor tarifas sobre US$ 3 bilhões em importações provenientes dos EUA. A reação foi vista como relativamente moderada, uma vez que deixou de fora os principais produtos de exportação dos EUA para a China, como a soja, dos quais os americanos exportaram cerca de US$ 14 bilhões no ano passado.
As novas tarifas são especificamente em retaliação contra as tarifas sobre aço e alumínio anunciadas pelo governo Trump no início de março, e sem relação com a tarifação de 25% sobre até US$ 60 bilhões das importações anuais provenientes da China prometidas por Trump no mês passado. Isso deixa aberta a possibilidade de que Pequim possa dar uma resposta mais dura no futuro.
Analistas dizem que Pequim está relutante em intensificar as disputas comerciais com Washington, já que sua economia ainda é bastante dependente de exportações e, por registrar um superávit em relação aos EUA, parece ter mais a perder numa guerra comercial.
Mas alguns influentes formadores de opinião na China vêm pedindo uma reação mais vigorosa à próxima rodada de sobretaxas dos EUA, cujos detalhes ainda estão para ser anunciados, mas que deverão focar setores estratégicos, como o de robótica, que Pequim está fomentando como parte da sua política industrial.
Uma retaliação contra exportações de soja pode ter um grande impacto sobre agricultores americanos, muitos de Estados que votaram em Trump na eleição presidencial de 2016. Mas isso também envolveria inconvenientes significativos para a China. O país depende muito dos EUA para suprir suas necessidades do produto, que é usado na alimentação animal.
O governo Trump justificou suas tarifas sobre alumínio e aço por razões de segurança nacional. Grupos siderúrgicos chineses à época advertiram que o impacto das tarifas dos EUA incidirá desproporcionalmente sobre outros países, embora vários aliados dos EUA tenham pressionado por isenções. A China responde por menos de 1% das importações de aço americanas.
O foco de Pequim é evitar que a União Europeia e o Japão se juntem aos EUA em disputas comerciais, escreveu Arthur Kroeber, da Gavekal Dragonomics, uma firma de pesquisas em Pequim, em comentário no mês passado.
“A China sabe que tem condições de enfrentar um conflito comercial com qualquer rival individual, inclusive com os EUA. Mas um esforço coordenado das democracias industriais visando estrangular o programa de desenvolvimento mercantilista da China causaria muito mais estragos”, escreveu.

http://www.valor.com.br/internacional/5421871/china-impoe-sobretaxas-128-produtos-americanos#

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