Cai confiança de usuários no Facebook

O testemunho de Mark Zuckerberg no Congresso dos Estados Unidos não restaurou a confiança dos usuários do Facebook nas políticas de privacidade da rede de relacionamento social, que desmoronou depois das revelações do vazamento de informações da Cambridge Analytica.
Em pesquisa do centro de estudos Ponemon Institute, que vem acompanhando as atitudes dos usuários do Facebook ao longo da maior parte desta década, apenas cerca de um quarto dos consultados concordou com a afirmação “o Facebook está comprometido em proteger a privacidade de minhas informações pessoais”, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Hannah Kuchler, pub;icada no valor de 18/04
O novo resultado, que chega depois de Zuckerberg ter passado por dois dias de questionamento dos parlamentares dos EUA sobre como o Facebook lida com os dados dos usuários, mostra um contraste gritante com a situação que se via até o fim de 2017.
A confiança nas políticas de privacidade do Facebook estava em um patamar elevado e continuava em alta, de acordo com as pesquisas anuais da Ponemon, que incluem a mesma pergunta desde 2011.
A crença de que o Facebook estava comprometido com a privacidade caiu de 79%, em 2017, para 27% em março deste ano, uma semana depois das primeiras notícias de que um aplicativo de terceiros havia passado dados de milhões de americanos para a empresa de pesquisas Cambridge Analytica, que trabalhou para a campanha de Trump.
O Facebook deu a impressão de reconquistar alguma confiança duas semanas depois dessas notícias, mas voltou a perder terreno depois que Zuckerberg foi interrogado no Congresso.
O presidente do conselho de administração da Ponemon, Larry Ponemon, disse que, previamente, as pessoas tinham alta consideração pelo Facebook porque elas passavam muito tempo na plataforma. “Eles colocavam o Facebook em um pedestal tão alto que a queda fica mais dolorosa.”
O instituto, especializado em privacidade e segurança cibernética, aborda cerca de 3 mil usuários nos Estados Unidos, de diferentes regiões, idades e rendas. A frequência da pesquisa foi ampliada na esteira do escândalo da Cambridge Analytica.
Os consultados se mostraram particularmente irritados com o fato de o Facebook não tê-los informado sobre o vazamento de dados quando o descobriu, em 2015, numa indicação de que os usuários vão olhar com mais atenção para o uso de dados pelo Facebook no futuro.
A proporção de pessoas que concordou totalmente que o Facebook teria a obrigação de informá-los se suas informações pessoas fossem roubadas ou perdidas dobrou em comparação a 2017, para 44%. A porcentagem dos que defendem a obrigatoriedade de o Facebook divulgar como usa suas informações pessoais quase dobrou.
A maioria disse, contudo, não ser provável ou que não haveria chance alguma de passar a usar menos a rede social.
O Facebook tentou reconquistar a confiança dos usuários anunciando várias medidas para restringir o volume de dados que vai parar nas mãos dos programadores de aplicativos. Ainda não anunciou, entretanto, grandes medidas que afetem seu próprio acesso aos dados, que usa para vender publicidade direcionada aos usuários.
Na segunda-feira, a empresa sofreu outro golpe sobre sua abordagem em relação à privacidade depois de um juiz federal de primeira instância da Califórnia aceitar uma ação coletiva sobre o software de reconhecimento facial do Facebook, que identifica amigos e familiares em fotografias.
O juiz federal James Donato disse que o Facebook foi contra a abertura de um único processo representando todos os usuários no Estado de Illinois “porque as perdas e os danos estabelecidos pela lei poderiam chegar bilhões de dólares”.
Na segunda-feira, a empresa informou, por escrito, como recolhe os dados dos usuários quando eles não estão no aplicativo ou no site do Facebook. O diretor de gestão de produtos da companhia, David Baser, disse que as informações são recolhidas para os anunciantes, para relatar a audiência das notícias e por motivos de segurança.
Um porta-voz do Facebook também divulgou um comunicado. “Estamos analisando a decisão. Continuamos acreditando que o caso não tem mérito e vamos nos defender com firmeza”, diz a empresa na nota.
Zuckerberg havia dito ao Congresso americano que o Facebook rastreava as pessoas na internet por “várias razões”, incluindo segurança e publicidade, mas pediu para explicar posteriormente os detalhes.
Baser destacou que outras empresas que vendem publicidade digital adotam práticas de rastreamento similares, como Google, Amazon, Twitter, Pinterest e LinkedIn.

http://www.valor.com.br/empresas/5461911/cai-confianca-de-usuarios-no-facebook#

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