Austeridade derruba governo francês

Desde ontem a França não tem mais governo. Cinco meses depois de assumir o poder, o governo formado pelo primeiro-ministro da França, Manuel Valls, caiu ontem por divergências internas sobre a política de austeridade fiscal na Europa.

A crise institucional foi causada pelo ministro da Economia, Arnaud Montebourg, que criticou duramente a política econômica do governo socialista e contra a “direita alemã”, em especial contra a chanceler Angela Merkel e a União Europeia. A demissão de Montebourg foi aceita pelo presidente, François Hollande, que manteve o premiê em seu cargo. Na prática, Hollande pediu a Valls que “montasse” o novo governo, sem dissidentes como Montebourg, como mostrou matéria do correspondente do Estadão em Paris, Andrei Netto, na edição de 26/08, pg B6.

A crise política começou a crescer em Paris depois que o Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat) divulgou há duas semanas os números do crescimento econômico na Europa nos dois primeiros trimestres de 2014. No segundo período, todas as três maiores potências da zona do euro tiveram “crescimento negativo” de 0,2%, casos de Alemanha e Itália, ou enfrentaram estagnação, caso da economia da França.

Na semana passada, Hollande havia assegurado em entrevista ao jornal Le Monde que não mudaria sua política, baseada na redução dos gastos e investimentos do Estado em € 50 bilhões até 2017 e de impostos sobre empresas privadas.

Após a entrevista, Arnaud Montebourg, um defensor da “desglobalização” que era o titular do Ministério da Economia, disparou contra a União Europeia, supostamente comandada pela “direita alemã”, exortando Hollande a mudar sua política na França.

A resposta veio no dia seguinte, quando Valls entregou seu pedido de demissão ao presidente, uma estratégia para realizar uma reforma ministerial e afastar os insatisfeitos.

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