Apple vai ampliar investimento em música

A Apple confirmou, ontem, que planeja comprar o Shazam, um aplicativo de reconhecimento de música britânico. Será a maior aquisição da fabricante do iPhone desde a compra, por US$ 3 bilhões, da Beats Electronics, em 2014. A Beats é uma fabricante de fones de ouvido, caixas de som e softwares de áudio. O negócio também incluiu a Beats Music, um serviço de transmissão de música.

Os termos do acordo com o Shazam não foram divulgados, mas pessoas familiarizadas com o assunto disseram que o preço pago foi de cerca de US$ 400 milhões, menos da metade do valor calculado pelo serviço após um financiamento privado obtido pela empresa em 2015.

Aquisições dessa dimensão são relativamente raras no caso da Apple, que normalmente compra cerca de uma dúzia de pequenas startups ao longo de um ano, como mostrou matéria do Financial Times, assinada por Tim Bradshaw e Aliya Ram, publicada no Valor de 12/12.

Ao ser negociada por US$ 400 milhões, o negócio entra para a lista de algumas das maiores aquisições da Apple nos últimos 20 anos. A lista inclui a empresa de segurança AuthenTec, em 2012, que passou a alimentar o sistema reconhecimento de identidade por impressão digital do iPhone; da PrimeSense, fabricante israelense de tecnologia de digitalização 3D que ajudou a criar a câmera TrueDepth do escaneamento de faces do iPhone X; e da NeXT, de software, em 1997, com a qual o falecido Steve Jobs retornou à empresa da qual ele foi um dos fundadores.

A aquisição da Beats, há três anos, foi a maior de todas e tornou-se a base do serviço de transmissão de músicas da Apple.

O Shazam, que já está integrado ao serviço Apple Music e à assistente virtual Siri, bem como à empresa de redes sociais Snapchat e ao serviço de streaming Spotify, pode ajudar os proprietários de iPhones a identificar músicas que estiverem ouvindo ao seu redor usando seu patenteado sistema de reconhecimento de áudio.

“Estamos entusiasmados com que o Shazam e sua talentosa equipe se associem à Apple”, disse a fabricante do iPhone, ontem. “Desde a inauguração da App Store, o Shazam tem sido classificado sistematicamente como um dos aplicativos mais populares para [o sistema operacional móvel] iOS. Hoje, é usado por centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, em várias plataformas.”

O Shazam, com sede em Londres, foi saudado como um caso de sucesso precursor no setor de tecnologia de consumo britânico e uma das poucas startups no Reino Unido avaliadas em US$ 1 bilhão.

A venda do Shazam à Apple encerra um longo período de especulações sobre o futuro desse aplicativo de música, depois de a companhia anunciar planos para uma oferta pública inicial de ações de pelo menos US$ 1 bilhão em 2013.

Apesar de sua popularidade entre os usuários, o Shazam tem enfrentado dificuldades para remunerar seus negócios, especialmente porque os consumidores têm migrado para plataformas de streaming de música. As receitas no ano passado cresceram 14%, para 40,3 milhões de libras, com prejuízos de 4 milhões de libras antes de impostos, de acordo com documentos da empresa britânica.

O Shazam foi fundado em 1999, como um serviço pelo qual os usuários podiam telefonar para um número, ouvir uma música e receber uma mensagem de texto com o nome da música e do artista. O uso precursor da companhia de um software de reconhecimento de som conquistou uma reputação de inovação no setor fonográfico. A empresa atraiu investimentos de gravadoras e de capitalistas de risco em Londres e no Vale do Silício, na Califórnia.

Mais de 1 bilhão de pessoas baixaram o aplicativo móvel do Shazam em iPhones e smartphones com o sistema Android desde seu lançamento, em 2008.

O Shazam confirmou, ontem, que “firmou um contrato pelo qual passa a fazer parte da Apple”.

“Não podemos imaginar um lar melhor para o Shazam, para que nos permita continuar inovando e oferecendo magia para nossos usuários”, afirmou a empresa.

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