Carro é o novo alvo do Vale do Silício. Depois do Google e Tesla, chegou a vez da Apple. Na prática é mesmo Detroit x Todo Mundo”, como diz uma camiseta que se tornou muito popular na terra de origem da General Motors e da Ford.
Porém, também poderia estar escrito “Vale do Silício x Capital dos Carros”, porque a região próxima de São Francisco desponta como um centro global de inovações no setor de transportes. Isso ficou claro na semana passada, quando informações vindas de pessoas de dentro da própria companhia revelavam que a Apple está construindo um carro elétrico, e destacou várias centenas de funcionários para o projeto secreto, como mostrou matéria distribuída pela Agência Bloomberg News, que o Estadão publicou em 19.02, pg B14.
Empresas do Vale do Silício estão se dedicando aos transportes, voltando suas atenções para drones e naves espaciais – e estão se tornando pioneiras em novos modelos de empreendimentos no setor. O Google Inc. investe agora em carros que dispensam o motorista, drones e satélites. O Facebook também está no ramo de drones.
Elon Musk, que vive entre o vale do Silício e Los Angeles, está construindo a Space Exploration Technologies, que projeta e constrói foguetes e naves espaciais. A outra empresa emblemática de Musk, a Tesla Motors, está revolucionando o mercado de veículos elétricos. Ele também idealiza um sistema de transporte hiper rápido entre São Francisco e Los Angeles.
Ao mesmo tempo, a Uber Technologies, a empresa do aplicativo de caronas, está mudando o transporte de pessoas nas grandes cidades e tem um valor de mercado de US$ 40 bilhões, mais que o dobro do valor da Fiat Chrysler.
O que está despertando o interesse das companhias do Vale do Silício na área de transportes é o fato de que o setor agora está maduro para uma revolução e para novas tecnologias. E há ainda as companhias como a
Apple, que tem uma reserva de US$178 bilhões, e pode gastar com grandes projetos de capital intensivo.
Evidentemente, a indústria automotiva tradicional não ignora a tecnologia. Muitas das empresas do ramo estão trabalhando na tecnologia dos carros sem motorista, e abriram escritórios no Vale do Silício, como o novo laboratório da Ford em Palo Alto, Califórnia, dirigido por um ex-engenheiro de escalão médio da Apple.
Na semana passada, a revelação de que a Apple trabalhava num veículo elétrico, foi uma surpresa para os observadores de Detroit. O projeto tem o nome de código de Titan, e o design do veículo se parece com uma minivan, noticiou o Wall StreetJournal.
A Apple já dispõe de tecnologia que pode servir a um carro elétrico, e de competência para administrar uma vasta cadeia de suprimentos. A companhia realiza, há muito tempo, pesquisas no campo da tecnologia de baterias utilizadas em seus iPhones, iPads e Macs. O sistema de mapeamento que ela lançou em 2012 pode ser usado para navegação.
No ano passado, ela também lançou o CarPlay, um sistema de software que integra o iTunes, mapeamento, transmissão de mensagens, e outras aplicações para uso de fabricantes de automóveis.
Se o Titan se concretizar em um carro de verdade, a Apple deve estar pronta para desafios como o aumento das regras de segurança e um ambiente regulatório em constante mudança no que diz respeito a veículos com zero emissões. E não se pode esquecer que carros elétricos significam margens baixas, geralmente perdas, situações que os acionistas amantes de lucros da Apple raramente viveram.
A Apple tem entre suas vantagens uma reserva de caixa de US$178 bilhões. O valor é seis vezes mais o que a Volkswagen tem em reservas e sete vezes o que a GM carrega, de acordo com a Bloomberg.
