Missão de salvar Protocolo de Kioto ficou com o Brasil

O pedido foi bem simples: o presidente da Convenção, Abdullah Al Attiyah, pediu ao Brasil e a Noruega que salvem, na Conferência do Clima em Doha, os termos do Protocolo de Kioto. O embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, principal negociador brasileiro na Rio + 20 e chefe da Delegação brasileira em Doha, aceitou a missão.
O diplomata adotou um tom mais desafiador em relação às nações desenvolvidas contrárias à renovação do Protocolo de Kioto, que impõe limite legal para as emissões de dióxido de carbono. Criado em 1997, na cidade japonesa de Kioto, o acordo ainda não conteve o ritmo de crescimento da liberação de carbono. A pesquisa do Global Carbon Project, que inclui pesquisadores de dez países, confirmou que até o final do ano, as emissões de gases estufa devem bater qualquer recorde anterior: 35,6 bilhões de toneladas, 2,6% a mais do que o registrado em 2011. O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato de que as emissões neste ano já estão 54% maiores do estavam em 1990.
É um fato que estas emissões cresceram em média 3,2% durante toda a década passada. EUA e União Europeia reduziram as respectivas emissões para 1,8% e 2,8% respectivamente. De certo modo, é um progresso, mas muito modesto.
O embaixador brasileiro registrou que as nações em desenvolvimento estão “fazendo muito mais do que as desenvolvidas” para reduzir as emissões. Basta saber que a China aumentou suas emissões de carbono em 10,1% entre 2010 e 2011. Figueiredo fez alerta relevante: “cerca de 30% das emissões de carbono da China são relacionadas a bens consumidos por outras nações”. Em outras palavras, quem compra produto sem preocupação com a emissão de carbono descontrolada é tão responsável pela agressão ambiental quanto quem a produz.
O diplomata também alertou que a redução em 2011 em relações à média da década anterior pode ter vínculo com a crise econômica. Este ponto é básico nesta discussão: crise econômica não serve como freio para emissão. É ponto fora da curva. O custo da efetiva imposição de Kioto terá de ser pago pelos maiores poluidores e maiores consumidores dessa poluição. É essa a função da Noruega e do Brasil. Não será tarefa simples.

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