A Grécia não salvou a Europa…

O resultado das eleições gregas deveria ter acalmado o mercado financeiro e as lideranças políticas da União Europeia. Não foi o que aconteceu. Ontem, a bolsa espanhola e italiana despencaram quase 3% e os juros pagos pela Espanha para vender os títulos de sua dívida ultrapassaram 7%, os mais altos em 18 anos.

Na verdade, a reação do mercado apenas confirmou o que os europeus descobrem cada vez mais: resolver a situação de Atenas não resolve a situação a Europa. Isto quer dizer que os europeus percebem cada vez mais, que o buraco financeiro em que estão é cada vez mais fundo.

Por quê? O problema não era Grécia? Não é bem assim. A Grécia era só uma parte, e bem pequena, do problema europeu. Os gregos representam apenas 2% do PIB da União Europeia. A Espanha representa sete vezes mais que a Grécia e a Itália dez vezes mais. E, por exemplo, a situação dos bancos na Espanha é bem pior que a dos bancos gregos.

As eleições gregas provaram o que todos já sabiam: os gregos não querem sair do euro. E daí? Agora, o que se vê é que o investidor não quer comprar títulos da dívida espanhola, não se sente seguro para fazer isso. Só o faz se Madri pagar juros cada vez maiores, o que quebraria inda mais o país. Hoje, essa insegurança chegou às lideranças da União europeia que admitiram: o pacote de ajuda (os 110 bilhões de euros) aos bancos espanhóis “não está pronto”. Motivo: não se sabe quem será o fiador desse dinheiro, o tesouro espanhol? Mas esse Tesouro não consegue nem rolar as dívidas antigas, como vai tomar dívidas novas?

Vários analistas disseram o mesmo: se a Alemanha não aceitar “pagar a conta” da crise, a situação não melhora… E a Alemanha já disse que não quer pagar. De jeito nenhum.

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