Os grandes acordos econômicos asiáticos não estimulam o Brasil

Carolina Brandileone, Eduardo Pascoal, Mariana Cafer e Rafael Simões alunos do curso de Jornalismo da ESPM/SP

China, Japão e Coreia do Sul. Essas são as três potências do sudeste asiático que na semana passada retomaram as negociações sobre um acordo econômico. Mas, por que o Japão faz parte do jogo, mesmo em recessão? Essa é a grande questão e a China e a Coreia do Sul estão abraçando a causa pela influência que a econômia nipônica ainda tem.

Esse acordo trilateral, de início, resultaria na junção de economias que somadas representam um quinto do PIB mundial, se tornando o maior acordo economico do mundo. Além disso, as transações entre os países membros se tornaria muito fácil e mais intensificada do que já é, que, por exemplo, em 2010, a relação China-Japão gerou US$ 339,3 bilhões.

Junto disso, uma parte das transações entre eles poderão ser realizadas na moeda local, deixando o dólar temporariamente de lado, este que ainda é utilizado em 60% das transações destes países.

Fora as facilitações que o acordo pode trazer, cada país tem um interesse envolvido. Por parte da China, é importante estreitar os laços com os países da região, até por que são os países que a China realiza maior numero de transações econômicas.

Para a Coreia do Sul, sendo um país lider quando se fala em tecnologia, a relação com Japão e China aumentaria a capacidade de produção e influência, já que grande parte da indústria de bens relacionados a tecnologia estão na China.

Já no caso do Japão o interesse é numa tentativa de se reerguer, por estar num momento de recessao há mais de duas décadas causado pela valorização da moeda nacional, o Iene, além de outros fatores como os desastres naturais que vêm prejudicando a ilha e o seu fornecimento de energia. E é por isso que o acordo com países desse porte pode ser a saída.

O pensamento inicial desde acordo nasceu em 1997 quando foram realizadas as primeiras negociacoes entre China, Japão e Coreia do Sul. Mas por conta de conflitos na região, as negociações foram interrompidas e reabertas novamente apenas em 2015.

Agora, a parte interessante de tudo isso são duas perguntas: A China está mudando sua economia, direcionando-a para a base do país. Por que retomar as negociações agora? E por que aceitar o Japão que está numa recessão de 20 anos?

A resposta para isso está no princípio das relações internacionais: os interesses. Hoje em dia, mais do que tudo, com a globalização, a economia gira a partir das relações que estimulam transações e investimentos.

Um grande exemplo disso são as industrias automobilisticas, como a Nissan, que estão sediadas em um país, mas os diferentes itens presentes no veiculo são produzidos em outros países, e muitas vezes são montados, também, fora do país sede.

Pensando nisso, é impossível não estabeler uma comparação entre os grandes acordos que estão se formando e abrangendo cada vez mais nações e o Brasil e a sua falta de presença nesse tipo de negociação. Nosso país, bem como foi colocado por Celso Ming vive com a “Síndrome de Peter Pan”.

O medo de crescer não é, entretanto, por não termos tecnologia, mas sim que com a queda dos impostos de importação, os produtos estrangeiros acabem tirando a competitividade do produto nacional.

Adiar e evitar esses acordos não irá evitar que a nossa econômia se mantenha protegida, e isso já é visível: nossos produtos não tem competitividade no exterior e a com a falta do aumento de escala não há como crescer. Portanto, se a Ásia dá lição de pragmatismo cabe ao Brasil aprender.

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