Nacionalismo ou declínio?

Isabela Afonso, Matheus Martins e Nathalia Monteiro – alunos do curso de Jornalismo da ESPM/SP

Com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos se tornaram a única e mais poderosa “hiperpotência” mundial. Esse poder se reflete desde a economia até ao seu orçamento militar. A sua imagem de líder global toma forma nas suas atitudes em âmbitos que vão além de seu território. Há um sentimento de domínio, de necessidade de levar o “american way of life” a todos, sem levar em consideração toda uma geopolítica complexa.

Como nem tudo são flores, os EUA, ainda com todo o seu poderio, não conseguiu prever o início de um possível declínio de seu império. O 11 de setembro e a crise de 2008, deixaram um buraco no orgulho americano que perdura até hoje. Mais do que isso, existe uma desconfiança dentro da própria população americana em relação ao seu governo.

Perdeu-se o controle da situação em um país onde ter o controle é essencial. A população americana é individualista e busca sempre o melhor para si mesma. A posse de armas demonstra o quanto ter o controle individual é importante. Esse sentimento de autodefesa se reflete na sociedade e em como ela vê o seu governo federal. Não há mais confiança nas universidades, nas grandes empresas, nas instituições médicas, no jornalismo, resumindo na base estrutural dos Estados Unidos.

No entanto, o nacionalismo prevalece. Pesquisas mostram que mais de 82% dos americanos ainda consideram os EUA como o melhor lugar do mundo para se viver. Ainda que a população esteja insatisfeita com as lideranças de seu país, na cabeça dos cidadãos os Estados Unidos ainda são melhores do que os outros países. Os seus problemas ainda são menores do que o é visto mundo a fora.

O cenário político americano atual traduz o individualismo e a desconfiança da população para com seu governo. É nesse panorama que surge Donald Trump, o candidato promissor, que busca tornar a “America para os Americanos” novamente. Com um posicionamento preconceituoso e conservador, Trump é uma figura retrógrada, mas que agrada, já que promete reconquistar o controle americano. Por outro lado, há a figura de Hillary Clinton, como uma segunda opção não viável para muitos. A candidata não tem credibilidade, além de estar numa posição morna, sem saber para qual direção correr. Além do fato de Hillary ser mulher, algo arrebatador para um país que ainda tem o machismo incrustado em sua sociedade.

As eleições de 2016, reforçam o atual cenário de descrença presente na população americana. Somado a isso, ainda tem as questões do Oriente Médio e da ascensão do Estado Islâmico, que cria um momento de tensão e um sentimento excessivo de auto-proteção.

Por fim, a pergunta que fica é: os Estados Unidos estão em declínio? A maior economia mundial, o maior exército do mundo, excelência em tecnologia e informação mundial, onde estão as falhas ao ver do mundo? Os Estados Unidos, ainda que tenham problemas internos, continuam a esbanjar sua influência e seu status diante do resto dos outros países. Os problemas estruturais existem, mas não são o suficiente para abalar o nacionalismo americano. Já o que guarda o futuro, às eleições americanas pertence.

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