A odisseia do euro

Denise Gabrielle; Heloisa Freitas; Luiza Muller; Vitória Sanches, alunas do curso de Jornalismo da ESPM-SP

Uma odisseia seria se não fosse real. Os impactos deixariam uma história intrigante, cheia de aventuras para seus leitores. Mas, infelizmente, na vida globalizada e economia internacional nada disso foi brincadeira: a crise do euro existiu, existe e ainda deixa marcas nos mais diversos países e comunidades. Os personagens deste enredo? Alguns daqueles famosos países que todo mundo ama postar no Instagram: Grécia, Itália, Portugal, Irlanda e Espanha.
Um clímax para ser construído necessita de um bom contexto: os EUA com uma crise no mercado imobiliário, em 2007, e a economia abalada em um colapso global em 2008. O protagonista seria a Grécia, a própria “bomba monetária” que colocaria toda a zona do euro em perigo no futuro. Tão procurada por investidores quanto a industrializada Alemanha, a Grécia construiu uma dívida pública que beirava o absurdo. Considerado impagável pelo FMI, o déficit atingiu 124,9% do PIB grego, mais que o dobro permitido aos países membros da União Europeia.
Sem investimentos em infraestrutura e desenvolvimento, a Grécia contraiu uma dívida que sabia que não poderia pagar: o golpe estava construído. Cada vez mais bancada por credores, o dinheiro emprestado era utilizado sem aplicações, não se sustentava. A cada empréstimo os juros subiam e os bancos, que visavam o lucro do endividamento, enxergavam a Grécia como um negócio lucrativo. Após a crise grega ser escancarada aos olhos do mundo, notou-se que muitos dos empréstimos haviam sido ocultados. O país entrara em uma fossa da qual não se reergueria sozinho.
Na tentativa de ajudar a Grécia a pagar suas dívidas, mais de 800 bilhões foram desembolsados por diferentes bancos, porém a assistência não saldou o débito. Em 2018, em uma nova tentativa de balizar seus gastos, ministros das Finanças da Zona do Euro fizeram um acordo para diminuir a dívida grega. Apesar dos tropeços, seu PIB teve um crescimento de 1,9%,
A situação grega gerou dúvidas irreparáveis sobre a estabilidade da zona do Euro, incentivando o euroceticismo nos que buscam a quem culpar. Nos últimos anos alguns partidos externaram suas questões quanto ao uso da moeda, assim também incentivando uma série de manifestações. Os nacionalistas buscaram desacreditar a união econômica, esquecendo-se do real foco do problema, assim como já dizia Homero, “Para mau pagador, más garantias”.

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