A nova configuração do poder dos EUA

David Frare, Guilherme Gozzi, Henry Zatz, Leonardo Ferreira, Paulo Galvão e Rafael Esteves – alunos do 3° semestre do curso de Jornalismo

As sanções impostas pelos Estados Unidos à Rússia, em consequência das últimas invasões à base militar da Crimeia, trouxeram à tona o debate acerca da posição estadunidense de liderança político-econômica global. Não é de hoje que os americanos tentam impor, seja militar ou cordialmente, seu ideal democrático em regiões turbulentas. Foi assim, por exemplo, na intervenção no Iraque, em 2003, intitulada pelo então presidente George W. Bush como “Guerra ao Terror”.

Enquanto visa intermediar os conflitos, os EUA sofrem internamente com uma crise socioeconômica que vem abalando o “American Way of Life”. Entre as principais questões estão a baixa empregabilidade e a estagnação do salário mínimo – que se mantém o mesmo desde 2009 –, causando a perda do poder de compra do americano médio.

Simultaneamente a isso, assistem a um crescimento econômico dos BRICS -principalmente chinês – que ameaça suas relações comerciais. Além disso, negligenciam investimentos em ciência, tecnologia, educação e infraestrutura, a fim de recuperar bancos e seguradoras abaladas pela crise. Paralelamente, seus concorrentes priorizam melhorias nas estruturas sociais.

O caráter invasivo dos Estados Unidos sobre outras regiões traz consequências onerosas para ambas as partes. Como observado pelo jornalista Thomas L. Friedman, há falta de conhecimento norte-americana sobre as complexidades políticas e sociais das áreas onde intervêm. “Correm o risco de assumir a responsabilidade da solução dos problemas dos outros. E essa responsabilidade só cabe a eles”, diz o colunista do jornal The New York Times.

Apesar da constante ascensão dos BRICS e de ter perdido a supremacia econômica nos últimos anos, o País ainda pode ser considerado líder global. Seu dever é, portanto, intermediar da melhor forma os conflitos ao redor do planeta, com o intuito de conter quaisquer desordens. No entanto, é de sua obrigação, também, atuar sob tutela de organizações próprias a este fim, como a ONU e a OTAN, por exemplo.

A intervenção indireta ou a adoção de sanções econômicas e políticas têm se mostrado – e provavelmente se tornarão – as opções dos EUA para os próximos anos, abandonando, portanto, as caríssimas missões militares que consomem uma quantia significativa dos contribuintes. Estudos da Stockholm International Peace Research Institute indicam que os americanos são responsáveis por 41,5% dos gastos militares no mundo, algo resultante em torno de US$ 680 bilhões.

Os norte-americanos precisam buscar novas estratégias diplomáticas para lidar com seu conservadorismo, lidar com o fato de que gastos bilionários com armamentos não geram dinheiro no bolso do americano médio e reaprender com os futuros novos líderes como se faz para obter um crescimento saudável de suas instituições ao mesmo tempo que sua população prospera.

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