A hegemonia geoeconômica dos EUA está ameaçada?

Gabriela Soares, Pietro Otsuka e Vinícius Lopes (Alunos do Jornalismo da ESPM/SP)

Enquanto Trump propõe medidas mais protecionistas, China investe em inovação e aumenta sua presença na economia mundial. Um fato: por mais de duas décadas, os Estados Unidos foram soberanos no mundo. Mas gastos na  ordem de 6 trilhões de dólares nas guerras do Afeganistão e Iraque, trouxeram para o país um enorme déficit nas finanças, também a morte de milhares de estadunidenses.

Além disso, a globalização que surge com o conceito de empresas globais trouxe complicações ao americano médio. Esse conceito é na prática uma movimentação, onde, multinacionais instalam suas manufaturas em países com encargos tributários mais vantajosos. O fato por si gera lucro e movimenta a moeda, porém, afastou cerca de 5 milhões de postos de trabalho das indústrias norte americanas.

Devido a essa movimentação, a República Popular da China pôde ser privilegiada pelo êxodo das grandes indústrias estadunidenses, assumindo o papel de “fabrica do mundo”, tornando-se assim o principal antagonista a hegemonia econômica e de influência dos Estados Unidos. Tais fatores, somados ao contínuo desmonte dos serviços públicos, escancararam uma realidade que já vem se desenvolvendo há alguns anos. Essa é a primeira geração de estadunidenses que terá uma vida pior do que a geração anterior.

Foi disso que o fenômeno Trump se nutriu. Com um discurso populista e intolerante, o magnata pregou uma reviravolta no cenário internacional. A principal proposta do republicano é criar empregos na indústria e trazer de volta as empresas que migraram para outros países.

Fato que assusta o mercado internacional pois significa desestabilizar a estrutura que a globalização representa. Economicamente falando, se cumprir o que prometeu, o empresário pode trazer consequências desastrosas.

Projeções feitas durante a campanha mostravam que, caso Trump coloque seus planos em prática, a dívida americana pode ir de menos de 80% do PIB para 105% em dez anos. Seria o maior patamar desde a 2ª Guerra Mundial. As ideias do eleito levariam a um aumento de US$ 5,3 trilhões na dívida – a maior parte viria da renúncia tributária, US$ 4,5 trilhões.

Já no âmbito interno, o presidente norte americano diminuiria a presença do estado, ou seja, cortaria impostos e a verba destinada a instituições públicas, também retiraria os recursos destinado a programas sociais, como o Obama Care.

Paralelamente a controversa eleição de Trump, a China aprovou em 2016 o 13° Plano Quinquenal (2016-2020) onde prevê além dos expressivos investimentos em educação, sofisticação industrial, ou seja, o país está migrando do “produzido na China” para “desenhado na China”. A nação também aumentou seu valor de mão de obra, no sentido em que os trabalhadores estão passando a receber mais, fato que afeta diretamente as multinacionais que terão suas margens de lucro afetadas.

O país deve se tornar também, exportador de tecnologia e inovação. E além dos investimentos educacionais internos, passaram a incentivar a internacionalização de seus jovens. Segundo dados do Instituto de Educação Internacional, cerca de 128 mil chineses estão matriculados em universidades americanas, enquanto que somente 14 mil estadunidenses estudam em universidades chinesas.

A gestão de Barack Obama já enxergava o crescimento da China como ameaça aos interesses norte-americanos e, em sua administração, promoveu a ida de 100 mil estadunidenses ao país asiático. O objetivo foi promover uma transição, onde, a sociedade norte americana se aproxima da cultura Chinesa.

Trump vem na contramão de seu antecessor. O líder norte americano propõe um afastamento comercial e sanções ao país asiático, fato que pode gerar mudanças radicais no modo em como os EUA atuava no mundo pós Segunda Guerra Mundial. Ou seja, há uma notável inversão de papéis, onde, os EUA assumem posições protecionistas e a China expande suas relações comerciais

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