STARTUP e o “Dilema do Prisioneiro”

Jose Eduardo Amato Balian
A partir de conhecimentos sobre economia e matemática, desenvolveu-se a Teoria dos Jogos, segundo a qual, estuda-se tomada de decisões de um indivíduo quando o resultado de sua escolha depende do que outros indivíduos decidem, como em um jogo de estratégias.
A interdependência estratégica ocorre em função da concorrência e da ação de cada jogador que poderá modificar o resultado dos outros jogadores e todo o jogo. Essa teoria, passou a ter relação como o comportamento das pessoas, empresas e governo. Um exemplo típico é o dilema do prisioneiro, em que dois suspeitos de um crime são flagrados, imediatamente separados e levados para interrogatório.
A questão principal é: se os dois assumirem a culpa, são condenados e a pena será menor para cada um, do que o caso de um só for responsabilizado pelo assassinato. Como você agiria: acusaria o colega, assumiria sua parcela de culpa?
Na fase de crescimento, as startups também tem enfrentado um dilema difícil de resolver, pois de um lado, podem crescer de maneira orgânica, gradual, geralmente com investimento restrito, com pouca mídia e resultado operacional positivo. Por outro lado, o crescimento poderá ser rápido, com aporte de capital elevado, presença marcante na mídia e usualmente, prejuízo operacional. Resumidamente temos: crescer rápido com prejuízo ou devagar com lucro?
A seguir, seguem três exemplos de empresas, das quais sou cliente e admiro seus gestores que se deparam com essa situação.
Você investiria numa empresa que tem prejuízo de mais de 30% de sua receita?
No UBER, por exemplo? Isso mesmo! Faturou mundialmente no ano passado US$ 3 bilhões e teve resultado negativo de US$ 1 bilhão. O crescimento tem sido meteórico nos últimos anos e não falta dinheiro para seus projetos, no entanto, será possível reverter prejuízo tão grande?
E na NETSHOES, você aplicaria suas economias?
A empresa, começou vendendo somente tênis, com dificuldade conseguia se equilibrar financeiramente e se limitava a oferecer 7.000 itens focados no segmento de calçados esportivos. Foi vendida para um fundo de investimento que ampliou a oferta de produtos para 60.000 itens de vários segmentos esportivos e faz vultuosos investimentos em marketing.
Moral da estória: Suas vendas cresceram, mas desde então, seus demonstrativos financeiros sempre mostraram prejuízos. A situação era desesperadora? Não pareceu, pois foi vendida por cerca de R$ 100 milhões, propiciando grande rentabilidade a seus acionistas.
Observa-se quando um modelo de negócio não é lucrativo é muito difícil reverter tal situação. Se ao montar a operação, você não conseguir ter preço de venda que supere seu custo direto, e gere margem de contribuição positiva para cobrir custos fixos e geral lucro, não se iluda, nem acredite em Papai Noel ou Coelhinho da Páscoa, a probabilidade de transformar saldo negativo em positivo é muito pequena.
O dilema da NETFLIX não é muito diferente, pois apresenta a vários anos em seus demonstrativos econômicos financeiros prejuízo na sua operação, atua num mercado em constante mudança e seus concorrentes são empresas gigantes.
Caso aumente o preço cobrado por seus produtos e serviços perderá mercado e clientes. Mesmo com resultado no vermelho, tem recebido aportes de capital, passou além de distribuir a produzir filmes e é cada vez mais cobrada por resultados.
Pois bem! A empresa se recupera no médio prazo? Consegue reverter o prejuízo? Poderá ser vendida para um concorrente?
No seu caso, você aplicaria suas economias na NETFLIX?
( ) sim ou ( ) não

*Prof. Jose Eduardo Amato Balian
Coordenador da Incubadora de Negócios da ESPM SP

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