República Federativa do Brasil

Cesar Veronese, Professor do CPV Vestibulares

No sábado, 20.09.14, chegou a Simplício Mendes, sul do Piauí, o corpo de Carlos Augusto Muniz Braga, o camelô assassinado na Lapa, em São Paulo, pelo policial militar Henrique Bueno de Araújo. Durante confronto entre camelôs e a polícia militar, Carlos tentara se apossar de um spray de pimenta que estava na mão de um policial. Henrique Bueno o executou à queima-roupa.

Algumas horas mais tarde, por volta das 4h30 da madrugada, Victor Hugo Santos, estudante de design gráfico no SENAC, desapareceu durante uma festa comemorativa dos 111 anos da Escola Politécnica da USP. O corpo, com várias escoriações, foi encontrado na terça, na raia olímpica da USP. Testemunhas informaram que o estudante desapareceu após uma discussão com alguns seguranças contratados pelo Grêmio da Poli.

(Na tarde desse mesmo sábado, no estado de Uttar Pradesh, na Índia, uma adolescente de 17 anos foi queimada viva por portar um celular, objeto proibido para a mulher por um grupo de radicais).

Voltando ao Brasil, em maio deste ano, quando o policial Henrique Bueno estava afastado das suas funções por ter executado uma vítima até hoje não identificada, Fabiane Maria de Jesus foi espancada até a morte no Guarujá, acusada de sequestrar crianças para rituais de magia negra. Ela fora confundida com um retrato divulgado no Facebook.

Também em maio de 2014, a manicure Ane Kelly Santos foi torturada com requintes de atrocidades (perfuração dos olhos e do corpo, extirpação das unhas) que se estenderam por mais de três horas, e depois enterrada viva. Ela fora acusada de roubar dinheiro de um traficante.

Ainda em maio, no interior de Santa Catarina (fato divulgado apenas na imprensa local) uma mulher fez um bolo, guardou-o na geladeira e proibiu o filho de 11 anos de comê-lo. O menino não resistiu à guloseima e a mãe o espancou até a morte.

Crimes hediondos remontam aos mais antigos registros da história humana. No século XXI eles continuam a acontecer em todos os cantos do mundo. Nos Estados Unidos são frequentes as chacinas realizadas por veteranos de guerra ou adolescentes. No Brasil, eles se dão pelas mãos da polícia, dos traficantes, da população civil e até no âmbito doméstico da casa.

A perversidade, sabemos, mora dentro de todos nós. Mas a frequência de crimes em algumas sociedades, como a norte-americana e a brasileira, diz muito sobre o estado patológico em que essas sociedades, por razões muito diversas, se encontram.

Para ler outros textos do Prof. Veronese, acesse blog do CPV (link Dicas Culturais do Verô).

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