Partes de produtos são oportunidade para grandes empreendimentos

Rose Mary Lopes

Para o público consumidor há muitos empreendedores e tipos de empreendimentos desconhecidos porque não interagem diretamente com os clientes finais. Posicionam-se na cadeia de produção de produtos, como os calçados que necessitam diversos componentes: forros, solados, tacões, saltos, colas, palmilhas, tiras, acessórios, tecidos, cordas etc.

No caso do que é hoje o Grupo Amazonas, a oportunidade surgiu de uma forma muito comum entre os empreendedores: ao conhecerem produto originado em outro país perceberam a oportunidade de produzí-lo aqui.

Idos de 1947. Época em que, nos Estados Unidos já se utilizava borracha sintética. O país tinha feito e ainda fazia um esforço desesperado para substituir a borracha natural, pois os países produtores na Ásia tinham caído nas mãos dos japoneses a partir de 1941, quando de ataque a Pearl Harbor.

Dois brasileiros da cidade de Franca, interior de São Paulo, conheceram os saltos de borracha desenvolvidos nos EUA e importados pelo Brasil. Perceberam que a produção deles aqui agregaria valor para os produtores de calçados. Assim, Thomaz Licursi e Paulino Pucci ofereceriam uma alternativa interessante e pioneira para eles.

Eles fundaram a Manufatureira de Borrachas Amazonas com o objetivo de produzir aqui os saltos de borracha vulcanizada. Em pouco tempo conseguiram aprimorar a produção e ter sucesso, o que lhes permitiu ampliar as instalações. Logo depois, alteram a razão social que passa a levar o nome de um dos fundadores – Pucci & Cia.

Seus saltos eram percebidos como duráveis e econômicos e facilmente encontrados no mercado. Não ficam parados. Percebem outra oportunidade com a cola criada e produzida por um cunhado da família Pucci – Guilherme Presotto, que pouco depois de vir trabalhar na Pucci, vende este negócio para ela.

A cola precisou de bastante aperfeiçoamento e testes para obter uma colagem perfeita. E, ajuda no crescimento no início dos anos 70. Este crescimento também é alavancado por outros produtos de borracha como solados, placas de borracha de poliuretano e termoplástica e mangueiras.

A expansão do grupo é feita em outros estados brasileiros: instalam-se em Novo Hamburgo (RGS) e João Pessoa (PB). E, a partir de 1978 passam a se instalar em várias regiões brasileiras e também no exterior. Novos produtos são agregados como: fitas adesivas para diversos usos, produção de tiras de borracha para recapagem de pneus, e resinas termoplásticas.

A razão social muda em 1990 para Grupo Amazonas para coordenar todos os negócios que, a esta altura, já tinham sido diversificados com o projeto do Shopping Center de Franca, em parceria com dois grupos de São Paulo. A inauguração acontece em 1993.

Hoje são nove fábricas no Brasil e duas no exterior – Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). A contínua expansão se deve a novas oportunidades identificadas em outros segmentos: moveleiro, automotivo, construção civil, pisos, revestimentos, serigráfico, transporte, embalagens etc.

O Grupo ostenta hoje o porte de maior produtor de componentes para calçados, embalagens e móveis da América Latina, sendo um dos grandes produtores mundiais. Já em 2001 exportava para mais de 40 países. Logicamente que o grupo também teve que criar todo um esquema de distribuição e de logística muito eficientes para isto.

O Grupo Amazonas agrega mais produtos para calçados como placas laqueadas, tintas para couros e também adesivos light, premium etc. E faz novas incursões no setor imobiliário, lançando o residencial Amazonas, em 2002, e também o Polo Industrial Amazonas I, em 2008, ambos em Franca. A administração do grupo é centralizada lá.

Percebendo nova oportunidade, os empreendedores lançam-se em novo empreendimento no ramo calçadista, em 2011. Mas, desta vez passam a se relacionar diretamente com o consumidor final. Contudo, esta parte da história ficará para um outro artigo.

Fecho destacando que ao longo de algumas gerações, esta família de empreendedores foi ampliando sua visão, explorando novas oportunidades com muita competência. E são exemplos de empreendedores brasileiros de sucesso que levam seus produtos e o nome do país para além de nossas fronteiras. E merecem nosso respeito e admiração.

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