O tatu foi para o estrangeiro

Por Clarisse Setyon

Parece que o primeiro mascote da Copa foi um tal de leão chamado Willie, que usava uma camiseta estampada com a bandeira do Reino Unido.  Diz a internet que ele foi um sucesso.

Minha idade não me permite lembrar deste rei da selva. Mas lembro do que veio na Copa seguinte, no México. Era o Juanito Maravilla, um garoto fofo e simpático, de sombrero. Aliás, daquela Copa, lembro até da escalação da Seleção .. que time ! Me lembro que, totalmente inconsciente da ditadura que rolava nos bastidores, me emocionei às lágrimas ao ver o Capitão Carlos Alberto erguer a Jules Rimet..

Mas depois de Juanito, a cada 4 anos, um novo mascote nos era apresentado. Revisitando todos eles, o que mais “acendeu uma lampadinha” na minha cabeça, foi o Footix, mascote da Copa na França, em 1998. Um galo bonito, fortão, bleu, blanc, rouge como manda o protocolo francês. O nome é estranho. Na verdade, só descobri o nome dele agora, ao escrever este texto. Footix é uma combinação de foot (futebol) e Asterix. Novamente, mais francês, impossível.

O leopardo sul africano também é simpático, confesso. Ele também tem um nome, claro (que eu nunca tinha me atentado). É Zakumi. Zakumi é um misto de ZA (sigla oficial da África do Sul … você sabia disto ?) com Kumi, que significa 10, o ano da Copa no país.

Zakumi parece ter agradado. Ou a Fifa e a África do Sul fizeram um bom trabalho. O leopardo deixou um rastro de lucro aparentemente recorde (não foi possível encontrar fontes seguras deste valor).

Mas e o Fuleco ? Nosso mascote tatu. Que tal ? Fuleco é uma combinação entre as palavras Futebol e Ecológico. Emociona ? Espero que sim. Afinal, se não houver emoção, não há identificação. Se não há identificação, não vende.

As mascotes se tornaram no século XX, um poderoso instrumento para impulsionar as vendas de produtos relativos aos eventos e para caracterizá-los. A imagem do mascote na camiseta, no boné, no chaveiro, no bottom, é o “residual” da experiência do evento. É aquela imagem gostosa que nos fará lembrar os bons momentos vividos durante a Copa do Brasil (sim, teremos bons momentos na Copa no Brasil, sou otimista).

Fuleco foi aprovado após uma concorrência entre 47 agências de publicidade, que tinham como briefing transformar o tatu bola, sugerido ao Ministério do Esporte por uma ONG, em um mascote. A estas alturas do campeonato, ele já está espalhado por aí, em forma de figurinhas, bonés, cadernos, lápis, capinhas de celular e outros. Ele tem até um sambinha (de gosto duvidoso): “Tatu bom de bola”. Tem blog e clips no YouTube (como não ter estas coisas em tempos de Facebook ?!).

Mercadologicamente, Fuleco tem uma grande responsabilidade. Tem que agradar a gregos e troianos e não só aos brasileiros. Ele vai ser transmitido, ao vivo, via satélite, para o mundo inteiro. Alguns verão nele uma versão atualizada das tartarugas Ninja. Outros não saberão “que bicho é este”. Normal.

Não importa se as pessoas identifiquem o bicho como sendo Tolypeutes tricinctus e Tolypeutes matacus. O que importa é que as pessoas curtam o bicho, consumam o bicho. Importante também que Fuleco seja um bom brasileiro ! Vai que é sua Fuleco !

Comentários estão desabilitados para essa publicação