O open bar das baladas em questão: um exercício real de comunicação responsável

Pedro de Santi

No último dia 9 de maio, realizamos o I Encontro ESPM consciência e saúde.

O centro da discussão foi a embriaguez nas baladas. Para muitos alunos, esta é a própria finalidade da festa, ainda que sejam reconhecidos os riscos de exposição à violência envolvidos nisto.

Houve uma discussão muito interessante entre, de um lado, integrantes das entidades representativas dos alunos e, de outro, representantes da área da Ambev responsável pela relação com as faculdades e pelo programa de consumo responsável. Um dos representantes da Ambev, aliás, é nosso ex-aluno e integrou a ESPM SOCIAL.

A discussão foi muito abrangente, mas houve um impasse expressivo. Os representantes da Ambev disseram que há um acordo recente e crescente na indústria da bebida no qual se evita ações em baladas Open Bar. Elas são fortemente associadas a embriaguez e às suas consequências, de modo que as grandes marcas não querem mais se associar a situações como estas, potenciais geradoras de brigas, violência sexual e morte no trânsito. Por exemplo, embora os alunos digam que evitam dirigir bêbados, muitos admitem pegar carona com pessoas que estejam. Como se paga um valor único para beber à vontade, a tendência é abusar.

É evidente que o interesse do mercado de bebidas é que o consumo aumente, mas há a compreensão de que o abuso pode levar à perda de consumidores e à estigmatização social da própria indústria.

Os representantes do CA e Da da ESPM têm sem mostrado preocupados e atentos a estas mesmas questões e tem agido de forma mais consistente e efetiva para prevenir danos relativos à bebida. Eles formaram por inciativa própria grupos de apoio para prevenir formas de assédio ou discriminação, e também um grupo de segurança. Trata-se de um cuidado maior entre eles, contra uma atitude mais egoísta que ja caracterizou a frequência nas baladas.

Mesmo assim, houve desconforto e reação quando se mencionou a ideia de acabar com o Open Bar. No campo da organização do evento e da competição entre as entidades da escola e de outras sobre quem produz as melhores baladas, um dos elementos centrais é justamente a quantidade e qualidade de bebidas oferecidas no Open Bar. A promoção das baladas como evento investe na identidade das baladas, conhecidas como muito boas, mas precisa acrescentar um diferencial: e uma bebida nova oferecida no Open Bar é um recurso recorrente. A ideia de que as festas devem ser cada vez melhores foi associada a Isto, o que gera a escalada que assistimos, ao longo tempo.

Na mesma semana em que realizamos o encontro, houve uma festa, bem promovida como sempre. Chegou a surgir um desconforto entre alguns alunos: uma discussão sobre os riscos da embriaguez justo naquela semana poderia prejudicar a promoção.

De alguma forma, em algum ponto, houve a associação estreita entre a possibilidade da embriagues e o sucesso das festas. Elas são dos alunos e a faculdade de fato não interfere em sua organização, mas o fato é que somos todos, faculdade e entidades, responsáveis pelas consequências daquela associação perigosa. Cabe ao nosso cuidado em conjunto trabalhar a ideia de que os outros elementos da festa- promoção, eventos, música- e a bebida moderada podem garantir muita diversão, com menor exposição a risco.

Em poucos anos, muitos de nossos alunos serão importantes profissionais da área de Marketing em nossa sociedade, como aquele que hoje trabalha na Ambev. Eis um excelente exercício de comunicação responsável já implicado na realidade deles: como promover baladas de maior sucesso e trabalhar ao mesmo tempo a moderação no consumo de bebidas alcoólicas?

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