Roberto Camanho
Estamos vivendo em uma era em que a tecnologia e a sociedade estão evoluindo mais rápido do que as empresas podem naturalmente se adaptar. Mas de que forma essa nova realidade impacta o seu dia a dia?
Quem produzia o CD-Player, criou um produto mais evoluído, o blu-ray, que não evoluiu, foi substituído pelo Netflix. Quem teve o seu GPS nem deve ter percebido que o substitui pelo Waze, e o Ipod hoje vive em uma gaveta, foi trocado pelo Spotify, e isso torna o ambiente volátil (V). Os mercados e as ações pessoais eram mais previsíveis, morar no exterior sempre dava certo, ou quase sempre, uma ação de marketing rejeitada pelo mercado era contornável, hoje impacta rapidamente nos resultados esperados, a incerteza (Uncertain) está mais presente e os resultados são menos previsíveis. A vastidão das interdependências em economias e sociedades globalmente conectadas sem claras conexões entre causas e efeitos, afetam todas as organizações e indicam que o ambiente é Complexo(C). A ideia de que há mais do que uma única resposta correta traduz o qu é a (A) Ambiguidade. A nossa racionalidade é limitada, nem todas as variáveis são conhecidas e há múltiplos significados nas condições que nos rodeiam.
Até meados do século 20, o objetivo do pensamento científico da racionalidade clássica era a descoberta das leis universais da natureza com uma abordagem reducionista, ou seja, estudando as partes, entendia-se o todo. Essa visão simplificou por muito tempo a visão da realidade, era o comunista Vs capitalista, democracia Vs autocracia, masculino ou feminino?
O pensamento complexo que representa melhor a realidade atual, surgiu nos anos de 1970 e está em curso de elaboração. Nele, as partes integram o todo, mas não perdem suas características individuais, conforme exemplifica a metáfora de Edgar Morin: os fios compõem o tapete. Este só é tapete por causa dos fios, mas o que o constitui é a relação entre os fios de sua contextura e o conjunto da tapeçaria.
Aceitar que convivemos com a incerteza e a complexidade é um bom ponto de partida para reduzir a imprevisibilidade e calibrar as expectativas; essas são as características do Mundo VUCA. Ele sempre existiu somente ficou evidente.
Os sacrifícios eram realizados com a crença e a expectativa de parar ou prevenir secas, terremotos, erupções vulcânicas e epidemias.
De forma semelhante aos rituais dos incas, as organizações realizam cerimoniais de planejamento com base em crenças que geram resultados diferentes das expectativas. As crenças e condições vigentes nos últimos 20 anos não prevalecem mais, por isso hoje sentimos o mundo mais complexo e imprevisível.
A convergência de novas forças atuantes (descontinuidade, volatilidade e hiperconectividade) está mudando rapidamente a economia global com reflexos significativos nas organizações e nas pessoas. A maior parte das crenças que nos serviram no passado se torna irrelevante.
Estamos frente a mudanças com implicações extraordinárias para os líderes empresariais. No cenário contemporâneo a realidade não é mais como ela costumava ser.
A forma do mundo mudar mudou.
Precisamos ter uma nova “caixa de ferramentas analítica”, conforme afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, professor da London School of Economics. Para qualificar o mundo em que vivemos, Bauman cunhou o termo “modernidade líquida”. Ele justifica que o uso da palavra “liquidez” como sendo “a incapacidade de reter sua forma por muito tempo e sua propensão a mudar de forma sob a influência de mínimas, fracas e ligeiras pressões é apenas o traço mais óbvio e também a característica mais consequente de nossa atual condição sociocultural”.
Essa nova caixa de ferramentas começa a ser construída com a difusão dos conceitos do Mundo VUCA. Procure trocar as suas ferramentas antigas, pois para quem só tem martelo tudo vira prego!
