Missão de paz no Congo

Por Vagner Augusto, Professor do Anglo Vestibulares

O Brasil vem ganhando maior visibilidade nas organizações mundiais. Recentemente, um brasileiro foi eleito para gerenciar nos próximos anos a Organização Mundial do Comércio (OMC) e, nos últimos dias, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz foi nomeado pela Organização das Nações Unidas como novo comandante militar da missão de paz no Congo (Monusco), com efetivo de mais de 23,7 mil homens e que pretende estabilizar essa nação que vive nas últimas décadas em constantes conflitos internos.
Os conflitos no continente africano não fáceis de serem entendidos, muito menos de serem solucionados. Muitos deles têm relação direta com o processo de colonização. No final do século XIX, algumas potências europeias partilharam esse continente interessadas, sobretudo, em adquirir matérias-primas e escoar a produção excedente para as terras africanas. Nessa divisão, os europeus estabeleceram fronteiras que aglutinaram diferentes grupos étnicos no mesmo território. A estratégia dessa ação ficou conhecida como “dividir para dominar”, ou seja, adquirir áreas com diferentes grupos étnicos, ao mesmo tempo em que estendia tratamento privilegiado para certos grupos em detrimentos de outros. Os grupos étnicos mais bem tratados aproximavam-se dos colonizadores, auxiliando-os no domínio do território e na fiscalização das outras etnias. Assim os europeus ampliaram as desigualdades e as rivalidades entre muitos povos que habitavam as mesmas áreas administradas pelos colonizadores. Após a 2ª Guerra Mundial (1939-45), os colonizadores reduziram sua influência na África, fato que potencializou a luta daqueles que desejavam a independência, assim iniciando um processo histórico conhecido como descolonização. Nas décadas de 1950 e 1960 a maioria dos países africanos conquistou a independência política, no entanto, a maioria das fronteiras criadas pelos colonizadores foi mantida, assim surgindo Estados com diferentes nações que disputam o poder político e econômico.
Outro aspecto, envolve os problemas sociais, como fome e desemprego, que estimulam as disputas pelos recursos minerais e energéticos, resultando em guerras que duram anos, por vezes, décadas. Esse é o caso da República Democrática do Congo (ex-Zaire), onde grupos armados disputam o controle sobre as reservas de ouro, estanho e principalmente, diamantes. Com a venda desses preciosos recursos, os grupos adquirem armas sofisticadas vendidas por contrabandistas, potencializando os conflitos e o número de mortos. Além disso, os recursos também são cobiçados pelos países vizinhos como Uganda e Burundi. Portanto, resta-nos desejarmos boa sorte ao general brasileiro nessa díficil empreitada.

Vagner Augusto da Silva é Supervisor de Geografia – Anglo São Paulo

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