Meios de pagamento: revolução à vista e boas oportunidades de negócios

Jose Eduardo Amato Balian 
O dinheiro ainda é o meio de pagamento mais usado no Brasil. Segundo levantamento do BACEN, Banco Central de julho/18, 60% dos brasileiros preferem pagar suas compras com papel moeda. O uso do cartão de débito é preferido por apenas 22% e o de crédito por apenas 15% dos brasileiros. No comércio, metade (52%) da receita vem do pagamento em dinheiro. 
A boa notícia é de há sinais de que isso se modificará rapidamente. Pode-se dizer que o brasileiro vem se familiarizando rapidamente com a tecnologia. Dados da FEBRABAN, Federação dos Bancos, mostram que o uso de aplicativos de bancos, o chamado mobile banking, para pagamentos, transferências ou verificação de saldos e faturas do cartão cresceu 70% entre 2016 e 2017. 
O BACEN criou um grupo de trabalho encarregado de preparar essas mudanças. Quando forem adotadas, o volume de papel moeda em circulação cairá drasticamente. No entanto, há problemas de infraestrutura a superar, como o baixo acesso à internet nos rincões do país. 
Além disso, de um lado, temos a falta de mão de obra qualificada para desenvolver soluções de pagamento e de outro, a concentração nas bandeiras de cartões, como Visa, Mastercard e Elo é altíssima, que acabarão mais cedo ou mais tarde sendo deslocadas pelas novas formas de pagamento e, por isso, tendem a trabalhar contra a adoção dessas novidades. Daí reside as oportunidades para a criação de Fintechs. 
O BACEN prevê para novembro a apresentação do modelo de regulamentação dos pagamentos eletrônicos (www.bcb.gov.br). Espera-se que não haja excesso de regulamentação de modo a retardar ou até impedir o desenvolvimento desse sistema, bem como impor limites a iniciativas de empresas menores como as Fintechs. 
O próprio BACEN aponta com propriedade que o principal fator de dificuldade é o desinteresse da indústria em desenvolver soluções que contestem os arranjos de pagamentos já existentes. 
Os números do crescimento do meio de pagamento digital no mundo são surpreendentes, até 2020, nada menos que 726 bilhões de pagamentos serão feitos digitalmente, segundo a consultoria Capgemini e o Banco BNP Paribas. 
Um exemplo interessante, vem da Ásia, pois os chineses passaram logo do papel-moeda aos pagamentos por celular, sem usar os cartões de débito ou crédito. Em 2016, US$ 5 trilhões foram movimentados em pagamentos móveis na China. 
Nossa realidade é bem diferente, pois a parcela da população que saca 80% de sua renda e, portanto, usa papel-moeda é de 35% para quem ganha até R$ 1.000; 25,5% para quem ganha até R$ 1.500 e de 16,6% para ganhos até R$ 2.000, ou seja, mais de 60% da população brasileira. 
Tal fato se justifica em função da renda incerta, desconfiança digital, falta de previsibilidade, incerteza sobre o que é dinheiro da família e dinheiro pessoal e o desconhecimento do quanto se gasta. 
Outra questão relevante é que no Brasil, as notas estragam muito rapidamente, o que obriga o BACEN a renovar em 30% o estoque todos os anos, a um custo estimado de R$ 50 milhões de reais. Isto acontece porque o brasileiro “trata” muito mal as notas, amassando, rasgando ou sujando-as constantemente. 
Notas de dois e cinco reais duram em média menos que um ano, de dez, vinte reais até um ano e meio e de cinquenta e cem chegam há três anos. Lembre-se! As notas de um real tiveram que ser substituídas por moedas em função dos “maus tratos”. 
Pois bem! Existe um potencial imenso para o desenvolvimento de novas empresas financeiras! É necessário, ousadia, criatividade e uma dose controlada de risco. 
Aceita o desafio? 
Prof. Jose Eduardo Amato Balian 
Coordenador do Centro de Desenvolvimento de Empreendedorismo da ESPM/SP

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