Língua portuguesa e comunicação empresarial – II

Por  Marleine Paula Marcondes e Ferreira de Toledo

 

Nas microempresas e empresas individuais, é possível que o gerente ou o dono  exerça também o papel de principal comunicador.

O psiquiatra Dr. F. C. N., por exemplo, é dono, gerente e comunicador de uma empresa individual de terapia mental. Seu diferencial é a forma de comunicação e atendimento. Dr. F. C. N. opera em várias cidades. Uma secretária dá plantão permanente numa central de atendimento. Por meio de um celular, comunica-se com os pacientes, atendendo a seus chamados, repassando-os para o psiquiatra, marcando as datas das consultas nas cidades convenientes, e relembrando, individualmente, na véspera, as entrevistas anteriormente agendadas. Essa primeira comunicação é o passo inicial, indispensável para a realização e eficiência das consultas.

O tratamento, salvo necessidades imprevistas, tem a marcha seguinte: feito o primeiro atendimento individual, com os pertinentes retornos, o paciente é inserido em um grupo, de acordo com o critério do Dr. F. C. N., o qual se baseia, entre outros dados, no tipo de medicação. A empresa é itinerante: um “Nissan X Terra” chega ao consultório de determinada cidade, trazendo o psiquiatra, a secretária, as fichas das consultas previamente agendadas na central, receituário e demais pertinências (notebook não: a preferência é dada à informalidade e intimidade das fichas anotadas à mão com esferográfica).

Feitos os atendimentos particulares, começa algo até certo ponto inédito em matéria de psiquiatria-psicoterapia – e comunicação: F. C. N. reúne-se com um grupo de mais ou menos doze pacientes, o número que comporta a sala. Um a um são chamados a manifestar-se, na maior liberdade, dizendo de seu estado, melhoras, pioras, expectativas,  inclusive com a possibilidade de interferir na fala dos outros. F.C.N. é o condutor e o mediador da comunicação e das ricas trocas que então ocorrem. Conforme a conveniência ou necessidade, dá explicações em linguagem acessível. Segundo o que vê e ouve, mantém a medicação ou faz os ajustes pertinentes. Cada paciente recebe uma palavra de apoio, incentivo ou correção, em discurso estratégico.

A farmacoterapia une-se com naturalidade à psicoterapia, sem maior ônus para os pacientes e sem orientações conflitantes, já que um só e o mesmo é o orientador. A continuidade das sessões (uma por mês, com direito a retorno) estabelece laços e torna  um encontro, que poderia ser doloroso, um acontecimento de paz, encorajamento mútuo e camaradagem. Nota dez em matéria de comunicação.

Comentários estão desabilitados para essa publicação